domingo, outubro 12, 2008

Almeida, alferes
Convívio com a população
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Para ampliar, clicar sobre a imagem

Esta foto, também trazida pelo Fernando Teixeira, mostra-nos o Almeida confraternizando com crianças e adultos. Se o Teixeira, o Almeida ou qualquer outro camarada nos puderem relatar as circunstâncias em que esta imagem foi obtida, trataremos de inserir essa informação.

Sempre que nos enviarem fotos, por favor escrevam algo que nos ajude a conhecer o melhor possível aquilo que elas retratam.
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Por causa do cachipembe.
Maka na escola
O Fernando Teixeira fez-nos chegar esta carta, datada de 1970, endereçada pelo professor da escola do Lumege ao comandante da nossa Companhia.

Para ler, clicar sobre a imagem

Trata-se de um documento curioso, que ajuda a perceber várias coisas: a conflitualidade entre a própria população, designadamente com o professor, que era um autóctone; a precaridade da formação de alguns professores, a precisarem, eles próprios, de aprender os rudimentos da arte de bem escrever; o refúgio de alguns no cachipembe, uma aguardente de produção artesanal obtida a partir da fermentação do milho.

quinta-feira, setembro 04, 2008

O Pinela vive em Mirandela
Publicámos em 15 de Julho passado um apelo que nos chegou: antigos camaradas de armas tentavam encontrar o alferes Pinela, que foi da C.Caç 1537. Apesar de anónima, a informação agora recebida aí fica, porque talvez seja útil a alguém:

bom encontrar alguém que andou por onde nós andámos nos tempos da nossa juventude.

O ex-alferes Pinela vive em Mirandela. Ele nunca foi aos nossos encontros por motivos familiares, espera ir ao primeiro no próximo ano no Porto. Eu nunca mais o vi mas tenho o contacto dele.

Todos os que conviveram com ele estão desejosos de o ver.

Um abraço"
(Anónimo)

quarta-feira, setembro 03, 2008

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Alferes Cardoso fala da guerra de Patuleia
Há uns meses, divulgámos que a RTP iria transmitir uma entrevista com o Alferes Cardoso daí a um dia ou dois. Mas, em boa verdade, foi ontem que os telespectadores puderam ver o Alferes Cardoso. Não propriamente numa entrevista em que contasse as peripécias da sua aventurosa carreira militar no Leste de Angola (designadamente no Lumege), mas sim em curtíssimos minutos (segundos?) nos quais ele fala de Manuel Patuleia Mendes.


Alferes Cardoso prestando declarações à RTP


De Patuleia Mendes fica-nos esta frase: "Ninguém gosta mais de paz do que aquele que fez a guerra".

Para ver esse programa, basta clicar nas linhas sublinhadas aqui em baixo e esperar que passem duas entrevistas (uma com Carlos Lopes, psicólogo e atleta cego, outra com uma nédica a quem falta uma mão):
http://ww1.rtp.pt/multimedia/index.php?tvprog=23840&idpod=16979&formato=flv

sábado, agosto 23, 2008

Regressámos há 37 anos.

Todos

Faz hoje, dia 23, trinta e sete anos que desembarcámos em Lisboa regressados de uma campanha de dois anos vividos sem sentido. Mas regozijamo-nos, nós os da Companhia de Caçadores 2544, de termos regressado todos.

Esclareço o parágrafo anterior: em bom rigor, não foram desprovidos de sentido os anos que vivemos (no Lumege... no Forte República... Também no Luso e Malange no que me toca a mim...). O que não teve sentido, foi a missão que nos impuseram cumprir. Porque existiu sentido de facto na nossa vivência por ali. Existe sentido na vida, quando a vida se sente; se vive. E nós vivemos a vida, durante aqueles dois anos, criando laços de camaradagem que hoje perduram e se celebram anualmente, criámos climas de convivialidade com as populações, de que é exemplo o texto que abaixo se reproduz. Escrito por uma Adelaide que presentemente vive em Fátima, fora nascer ao Luso filha de um casal de habitantes do Lumege e ali regressou com meses para só vir embora aos sete anos, em 1966. É prima do senhor Costa, que já completou um século de vida e vive salvo erro em Mindelo (Vila do Conde). Senhor Costa de quem já aqui publicámos fotografias e textos a referenciá-lo.

Também não esquecemos a história da Fernanda Brásio, relatada profusamente aí para baixo.
Igualmente tivemos aqui a surpresa do reencontro virtual com o Senhor Videira do Cameia Bar.
Se estas pessoas se reencontram aqui connosco, partilhando connosco as emoções da saudade, então é porque a nossa passagem por Angola não foi em vão. Não foram dois anos perdidos, foram dois anos vividos. Em tranquilidade, porque fomos comandados por um capitão que, poucos dias depois da nossa chegada, definia, durante a bica do almoço tomada no bar Cameia, o essencial da nossa missão: regressarmos todos.

E regressámos. Todos. Faz hoje 37 anos.

José Oliveira


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Memórias do Lumege
E a história que vos queria
contar é a seguinte...

Texto de Delay
(Dedicado a seu primo, o Sr. Costa, que já completou cem anos)


Um dia, esta menininha viveu os mais lindos dias de sua vida... de sua infância... numa terrinha lá nos fins de África... uma terrinha que tinha por nome Lumeje, em Angola... terra linda, pequenininha, vermelha de chão, verde de matos e jardins, coberta por céu azul, que se transformava ao final do dia em cores de fogo, quente, lindo, de um pôr do sol mágico... anoitecia banhada por reflexos de uma lua quase bandida, que me embalava no meu nanar de criança... e me enfeitiçava embrenhando-me em sonhos... e em sonhos reais acordava...

acordava entre essências de flores, essências de croeira, montinhos de pedacinhos brancos ressequidos, que pareciam montes de neve vistos ao longe... acordava com o apitar do camacove que ressoava lá bem longe... e o mala que ressoava bem juntinho de mim... de meus pensamentos de criança... voando na minha imaginação no soar do apito e no embalar do comboio... que adorava... olhar... ver chegar e partir... lá naquela estação de tantos sonhos descidos e outros tantos partidos... idos... jamais por mim esquecidos...

Fui feliz a cada despertar... fui feliz a cada caminhar... fui feliz a cada embalo de baloiço em seus jardins, lindos por certo... fui feliz em cada passear com minhas primas... fui feliz em cada miminho recebido de um Padre que não esqueço de seu nome (Estêvão) por certo meu vizinho lá...Fui feliz, e principalmente no colinho de um Primo muito especial... que não esquecerei jamais... seus mimos, sua preocupação, suas brincadeiras... o Pexão (o nome por mim utilizado para carne, peixe) que ele nas suas mercearias dava para a Laizinha cozinhar nos seus tachinhos... Não esqueço quando ele me dizia que eu tinha um pau nas pernas... a brincar e para me irritar... não esqueço quando ele fazia que me arrancava o nariz e me punha à procura dele... não me esqueço... não me esqueço... tanta coisa...detalhes que me marcaram... e que recordo com tanta saudade... não me esqueço... não me esqueço...


Desta pessoa que para mim, foi como o meu pai naquela etapa da minha vida... Mas também nunca lho disse... e por isso estou aqui, e feliz por lhe fazer esta pequenina homenagem... a este senhor que vim descobrir que aqui se falava dele...
Meu primo Costa... há muito que lhe quis dizer tudo isto, mas distanciámo-nos e a vida por vezes tira-nos as chances de dizermos o que nos vai na alma... ou calamos porque pensamos que não é necessário que a outra pessoa saiba o que nos vai na alma...


Mas outras vezes, creio que é os jogos, que o tempo nos prepara...
Tudo tem o seu tempo certo, e acho que este foi o escolhido pelo Universo para eu dizer o quanto foi importante nessa etapa da minha vida... foi tão importante que e passados 45 anos lembro cada detalhe, cada gesto, cada carícia, cada palavra, cada sorriso... que tanto me aconchegaram... Obrigada por tanto que me deu...

Contudo não vou aqui esquecer de falar na minha prima Nini, sua esposa, nem poderia, já que a prima Nini foi sempre o sorriso aconchegante para todos os que recebia em sua casa... e para mim, e desculpem todas as outras primas, foi o meu afago bom, porque lembro como me afagava com tanto carinho...
Que lindos 100 anos de vida, Primo Costa... 100 anos de sabedoria... e mais que tudo 100 anos de carinho tão doces, distribuídos a todos os que têm a felicidade de ao seu lado estar...



Lembra-se de mim?
Fico à espera de uma resposta, pois sei que alguém a irá ler a si...
Esta é parte da história de uma menina que, apenas com semanitas de idade, foi para o Lumeje e lá viveu feliz até os seus sete anitos de vida... e que hoje em sonhos revive cada detalhe daquela cidadezinha como se por lá deambulasse pela calada da noite mas com coloridos de dia...
Mas lembro de muito mais coisas e de muitas mais pessoas que logo falarei delas noutra histórinha...
Beijinhos de ternura especialmente para si e prima Nini... e beijos a todos os outros primaços(as)


Lay

(ou Lay-Lay... não é, primo Costa?)

quarta-feira, agosto 20, 2008

"Sangue na Picada"
Próximo Domingo

em Alcobaça

Foi cartoonista e jornalista. Fundou em Luanda o semanário A Palavra na altura el que estávamos no leste. Desenhou e escreveu no jornal satírico O Miau (Luanda)
Viveu a experiência da Guerra Colonial em Angola e conta "tudo" no seu livro "Sangue na Picada".

No próximo Domingo estará em Alcobaça para uma sessão de autógrafos.
Para saber horas e local, visitar o blog do autor em
http://travessadoferreira.blogspot.com

A seguir contamos mais sobre o autor e o livro.


Ler mais acerca da sua veia humorística em http://chavedoburaco.blogspot.com/

sábado, agosto 16, 2008

O livro de Antunes Ferreira
Os dois lados da guerra
Texto: José Oliveira

Já não me lembro como é que tomei conhecimento da edição de Morte na Picada, que aqui divulguei antes de ter lido.

Depois dessa divulgação, acabei por estabelecer contacto com o autor, Antunes Ferreira, que conhece "as mesmas pessoas" que eu. Mas isso é conversa para outra altura.

Para surpresa minha, foi-me fácil adquirir o livro. Comprei-o no Continente, embora seja daqueles que preferem comprar livros nas livrarias tradicionais. E fui-me à leitura. Faço parte daquele grupo de leitores que têm três ou quatro livros na mesa de cabeceira, mas este não intercalou com mais nenhum! Foi lido de fio a pavio. Constituído por um conjunto de contos (relatos?) de meia dúzia de páginas cada, é, como diz Joaquim Vieira, "uma curiosa combinação de ficção e testemunho, deixando ao leitor, se o entender necessário, a tarefa de destrinçar uma coisa e outra".
Sem rodeios de linguagem ou enredo, estes mais de trinta textos poderiam ser relatos verídicos de episódios ocorridos, porque os houve tal e qual assim, repetidos, entre 1961 e 1974. Mas Antunes Ferreira não chega a chocar-nos com as notas de realismo que imprime à prosa, porque sabe "cortar os planos" a tempo. Ou intercalar notas de humor que desdramatizam no momento certo. Aliás, só a meio do livro, e depois de me ter dado ao trabalho de uma "investigação" quase policial (mas não terminada ainda...) é que me dei conta de estar perante um jornalista que também passara pela carreira de autor de textos satíricos.

É certo que não li muitos livros de ficção sob o tema guerra colonial. Mas já li alguns (inclusivé um em original, por sinal muito bom), e é a primeira vez que me deparo com relatos que ficcionam os dois lados do conflito bélico. E com uma verosimilhança tal, que ficamos finalmente a conhecer, tantos anos depois, como funcionava "o outro lado".

Escreveria muito mais, mas contenho-me. Porque sei que, neste género de suporte, "ninguém" lê postagens longas. E eu quero que me leiam esta prosa. Para que leiam o livro e o recomendem. E saliento isto, em abono da minha isenção: não conheço pessoalmente o autor.

clicar na imagem para ampliar

Quem junta papéis velhos tem frequentemente gratas surpresas! (...e a mulher a azucrinar-lhe a cabeça!...).

Quando em 1970 (mais um ano, menos um ano) guardei o suplemento satírico O Lacrau do número de 1º aniversário do jornal angolano A Palavra, estava longe de imaginar que estaria hoje aqui a usar esta caricatura de um dos responsáveis do semanário luandense, a ser desenhada pelo Nando, aliás Fernando Gonçalves (criador do inesquecível Zé da Fisga que todos recordamos das páginas da revista Notícia, embora tivesse nascido no jornal O Miau em 25/11/64). O Nando é hoje violinista na orquestra do casino da Póvoa de Varzim e o caricaturado é exactamente Antunes Ferreira, o autor de Morte na Picada.

Nota um: Antunes Ferreira assinava com o pseudónimo Mutamba Shmit divertidos textos satíricos em O Lacrau. E tem no seu curriculum um passado como cartoonista (ele escreve cartunista).

Nota dois: Colocando-se na pele de um outro narrador, o próprio Antunes Ferreira escreve assim no seu Morte na Picada: "(...) Nisto tudo pensa João Caxiné, preto cafuso, natural de Benguela, admirador do mulato Aires de Almeida Santos, poeta entre os poetas, preso uns anos em São Nicolau, solto depois, agora jornalista de "a Palavra" do Renato Ramos e do gordo, o Antunes Ferreira."

Nota três: O Nando é cunhado do Castro Lopes, que foi furriel miliciano na CCS do nosso Batalhão. Na confraternização da CCS no ano passado, em Esposende, tive a oportunidade de abraçar o criador do Zé da Fisga, que foi beber um copo connosco no final do almoço. Mas disso falarei um dia destes.

Nota quatro: A montagem da foto de Nando sobre a sua caricatura de Antunes Ferreira foi reorganizada por nós, pois no desenho original figuram 15 caricaturados.

Z.O.

sexta-feira, agosto 15, 2008

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Finalmente!

Lisboa, Agosto de 1971


Entre esta multidão, estão os nossos familiares que nos esperavam em Agosto de 1971 na Doca do Conde de Óbidos.

É uma imagem colhida do alto do Vera Cruz, momentos antes de termos começado a desembarcar.

A foto foi recolhida no blog http://bcac2877.blogspot.com, depois de amavelmente nos ter sido chamada a atenção para ela (e texto acompanhante) pelo camarada Brás Gonçalves do B.Caç.2877, que embarcara connosco em Luanda no Vera Cruz, a 11 de Agosto de 1971. Também na ida tinham sido nossos companheiros de viagem.


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O Vera Cruz

Texto: José da Silva Marques

(www.vianasocialecultural.com)

Até 1974, o mar era a grande via de ligação ao império. Mais de 90% da carga e de 80% do pessoal metropolitano empenhado na guerra, tinha sido transportado em navios. Os paquetes mais requisitados na ligação a África foram o Vera Cruz, o Niassa, o Lima, o Império e o Uíje. O Niassa foi o primeiro paquete fretado como transporte de tropas e de material de guerra, por Portaria de 4 de Março de 1961, mas seria o Vera Cruz a fazer mais viagens, chegando a realizar treze num ano. Em 1961, efectuaram-se dezanove travessias em nove paquetes em missão militar e o ritmo aumentou à medida que crescia a força expedicionária em África.
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A sua imponência e beleza como navio de linhas elegantes eram motivo de registo

O Vera Cruz, antigo paquete de luxo, fez a sua primeira viagem inaugural ao Rio de Janeiro em 1952. Com lotação esgotada, entre os muitos convidados encontrava-se o Almirante Gago Coutinho. Em 1954, juntamente com seu irmão gémeo, o paquete Santa Maria, iniciou a sua carreira com ligações aos portos da América Central. Em qualquer um que atracava era motivo de interesse.
A sua imponência e beleza como navio de linhas elegantes eram motivo de registo. Mantendo as viagens regulares ao continente americano, o Vera Cruz em 1956, realizou um périplo por África de oito de Agosto a 29 de Setembro. Só em 1959 é que realizou a sua primeira viagem a Angola. Com o início da guerra colonial nessa colónia, o governo de Salazar para fazer frente aos acontecimentos, requisitou diversos navios para o transporte de tropas e material de guerra, passando a ser uma das principais ocupações dos navios portugueses. O Vera Cruz não foi excepção. Adaptado para o transporte de tropas, com a instalação de alojamentos nas cobertas, a 5 de Maio de 1961, largou de Lisboa rumo a Luanda tendo no mastro principal hasteada a flâmula verde e encarnada, habitual nos navios de guerra. Em 1962, o Vera Cruz é requisitado para se deslocar ao Paquistão com o fim de recolher os militares feitos prisioneiros, devido à invasão da Índia Portuguesa pelos indianos.

Largou de Lisboa rumo a Luanda, tendo no mastro principal hasteada a flâmula verde e encarnada

Estava ali imponente atracado no Rio Tejo para mais uma missão que a guerra lhe destinava, embarcar tropas para o ultramar. Seria das últimas viagens que faria, pois em 1972 seria vendido para abate desaparecendo um dos símbolos da Guerra Colonial.

segunda-feira, julho 28, 2008

Opinião Contributos para a história
A História necessita de perspectivas honestas

Escrito por Ayres Guerra Azancot de Menezes
Há um testemunho muito importante para a verdade histórica.
Não é fácil realizar uma pesquisa desta envergadura.
Não podemos deixar de apontar um certo subjectivismo pró-Viriato da parte do Dr. Edmundo Rocha por ter sido seu admirador real e fã e ter absorvido bons exemplos e ensinamentos. É um testemunho que terá cada vez mais valor pela pessoa do Viriato e pela coragem do DR. Edmundo Rocha em ter reconstituído parte da trajectória desta figura impar do nacionalismo Angolano.
A subjectividade por parte é redutora de certos realismos e declara ao longo desta exposição correntes ideológicas incompatíveis cujos contornos poderiam não ser reflexo de melhor visão estratégica para a o futuro do partido. Ainda é muito cedo e à medida que os anos vão passando os fatalismos têm que ser bem ponderados. Os subjectivismos aliados a jogos de poder condicionam muito as abordagens. Os favoritismos poíticos aliados a certas compensações de carácter literário muitas vezes denunciam jogos de contra poder que podem ser ajustados com o tempo. O maior ou menor contributo histórico deve resultar de perspectivas honestas. Só com o tempo e a confrontação de percursos dinâmicos de cada interveniente deste patamar se poderá postular sobre grandes teses.
A desonestidade aliada a recursos alternativos de sucesso bibliográficos e alianças, muitas vezes desvirtuam o verdadeiro carácter da honestidade histográfica. O ideal não será ajudar ou travar o percurso histórico dos correligionários para projectar livremente certas obras, mas sim permitir uma maior confrontação para enrriquecer e fortalecer o projecto comum. Desejando que outros livros ou memórias sejam rapidamente e honestamente publicadas, e que várias perspectivas sejam abordada para se poderem destrinçar também factores de ordem psico-sociais dos vários intervenientes.

Notas da Redacção

1 - O título é da responsabilidade do blog Lumege

2 - Este texto, como muitos outros de semelhante interesse, chegou-nos sob a forma de comentário inserido num post já antigo. Teria diminutas probabilidades de ser lido, se não fosse transferido para aqui, para a página principal do blog.
Foi inserido a 27 de Julho de 2008.

3 - Devido a incompatibilidades técnicas, o texto teve de ser re-escrito (por exemplo, a palavra "confrontação" aparece escrita "confrontação", problema que se repete de cada vez que surge uma palavra acentuada ou cedilhada. A conversão foi feita cuidadosamente, mas, apesar disso, pode ter existindo algum erro de conversão. Quanto ao mais, o texto foi transcrito ipsis verbis.

4 - Há mais textos que ainda não foram transcritos da zona de comentários, apenas por falta de tempo. Contamos não demorar muito mais a fazer isso. Se ficar prejudicada a sequência dos temas tratados, pedimos desculpa. Para diminuir esse incómodo, passaremos a encerrar cada texto com a referência da data de chagada.

sexta-feira, julho 25, 2008

Cavalaria e outras fotos
Fotos do Lumege neste endereço:
http://groups.msn.com/Osluenas/lumege.msnw?action=ShowPhoto&PhotoID=6018
À excepção da foto do Cameia Bar, obtida aqui no nosso blog, são todas de "Delay", uma ruiva natural do Lumege que tem tentado entrar em contacto connosco.

A informação supra foi-nos comunicada por Armando Monteiro (que foi alferes de transmissões no Batalhão que nos rendeu). Graças a ele, haveremos de ter aqui em breve mais novidades de "Delay".

domingo, julho 20, 2008

Lumege: nosso quartel

No tempo do preto e branco

Armando Monteiro, que foi alferes de transmissões do Batalhão que nos rendeu, tem tido períodos de colaboração regular com o nosso blog, com óbvio enriquecimento deste espaço, coisa que agradecemos.



Mandou-nos agora esta foto que, segundo conta na mensagem que a acompanhava, já antes nos terá enviado.Ele admite a possibiliadde de a foto se ter extraviado, mas eu acrescento outra hipótese igualmente plausível: ter efectivamente chegado mas, por força das montanhas de informação que arquivo-em-astas/edito/apago/passo-para-cd's ou por força do meu pouco sentido de organização (escolham...) terá desaparecido sem ser editada (postada...)

Agora sim, aí fica.


Reparem na data: faz 37 anos no mês que vem. É, portanto, obtida pouco depois da nossa partida.


Para Armando Monteiro, agradecimento e abraço.


Z. O.

quinta-feira, julho 17, 2008

Luanda:
O Tudo e o Nada
Publicada há um ano pelo semanário Expresso (de Lisboa), esta reportagem foi repetida na altura por vários meios de comunicação on-line (por exemplo no "Digital News - Angola Digital) e circulou pela internet, via e-mail.

O texto é do repórter Luís Pedro Cabral

As fotos são de Abílio Henriques, da C.Caç.2544, obtidas com equipamento precário em Julho de 2008
O título é da responsabilidade do blog Lumege

Desponta em Luanda uma nova sociedade angolana que, entre festas e champanhe, vive do petróleo, dos diamantes e de negócios multimilionários
Há quem viva entre recepções oficiais nos jardins da Cidade Alta e galas no palácio oficial do Presidente. Para trás ficam os que nada têm, num país em que a taxa de desemprego é de 80%

Luanda Sul


Hoje há festa em Luanda. Hoje, um dia qualquer. Um bebé nasceu entre o lixo, próximo de um esgoto a céu aberto, alguém atirou uma lata de «gasosa» para um chão imundo, alguém lhe deu um pontapé, alguém a recolheu para vender no mercado da sobrevivência, alguém caiu de um prédio sem varanda, sem água, sem luz, cheio de nada, cheio de gente, construído em altura, como em extensão se construíram quilómetros de barracas instáveis e insalubres, chamados musseques. Todos no âmago desta Luanda, uma camisa-de-forças recheada de automóveis, quase tantos como os buracos das suas ruas. Esta Luanda encerra toda a Angola, encerrando-se da Angola que resta. A assimetria entre a capital e as províncias é enorme. E parece menor se comparada com as paralelas assimétricas que dividem os ricos inacreditavelmente ricos, os inacreditavelmente-novos-ricos e os pobres, ainda inacreditavelmente mais pobres, de Luanda. Hoje, alguém morreu de cólera, de paludismo, alguém arrasta feridas de guerra pela cidade, vende cigarros na rua, lava o corpo na lama, chora ausências de nutrição, procura comida na lixeira, foi assaltado por um miúdo, bebeu de mais, fumou de mais, abusou, foi abusado, encontrou mais uma jazida de diamantes, inaugurou mais uma torneira de petróleo. E alguém terá de abandonar o musseque com a família às costas, a fugir das águas da chuva, do polícia que lhe diz para parar, para pagar, «pentear», dar «gasosa», a correr de encontro à fome que já tinha, nos dias pesados do calor, sem mais nada que isso, só uma estranha alegria que faz o angolano sempre sorrir. «Estamos sempre a subir». Tão certo como o contrário.


Central de Transportes em Viana. Caminho de Ferro em 1º plano

Nessa noite, cansada de trabalhar, cansada porque não tem trabalho, sem coragem para levantar-se entre os despojos do seu caos, essa Luanda estava incapaz de comparecer ao evento. Fazia anos - não seria elegante dizer quantos - Isabel dos Santos, primogénita do Presidente José Eduardo dos Santos, que escolheu o Miami, um bar da moda na ilha de Luanda, do qual é sócia, para celebrar com coisa de setecentos amigos chegados. Todos os convidados, escrutinados por um pelotão de seguranças, deviam vestir de branco. Abaixo do bar, numa enorme tenda sobre a areia da praia, seria servido o jantar. Ao lado, separado por um passadiço, brilhava a jóia da coroa, o bolo de anos, num altar envolto em arranjos florais. Por trás, fogo de artifício para a primeira fatia do bolo. Um grupo de «capoeira» articulava-se onde podia. Seguranças ofereciam olhares atentos, absolutamente convencidos do seu estado incógnito. Os convidados sacudiam o protocolo. «Boa party», dizia o novo ao velho, olhos à deriva. «Estas damas não são do teu campeonato», advertiu o «cota».


Saída de Luanda-Sul. Mercado

Isabel chegou dentro de um vestido em fundo branco, com estampado exclusivo de flores magenta e rosa - evidente como uma piscina olímpica no deserto - com Sindika Dokolo, o marido, filho de um banqueiro congolês, herdeiro prematuro da condição de milionário. Em séquito, abriram alas vagarosamente, consentindo que os desfrutassem. Três amigas aproximavam-se a grande velocidade, instáveis em salto alto, voando para um abraço cúmplice. «Huammm!!!» Beijo na bochecha da filha do Presidente. «Parabéns, querida! O teu vestido é lindo. Estás boa?» Tudo indicava que sim. «Ainda bem que vieste», disse Isabel. «Ya. Como é que eu ia faltar?!», declarou a amiga. As outras duas, de sorriso aberto, espreitavam com os queixos em posição oftalmológica nos seus ombros. Que desculpassem, Isabel tinha afazeres protocolares.


Próximo de Morro dos Veados

Convidadas da festa da filha de José Eduardo dos Santos: «dress code», branco Depois de um jantar bem regado, com interrupções fotográficas para a «Caras» angolana, decorria animadíssima a noite. Ocasião para iniciar a travessia para o bolo. Champanhe ao alto à saúde de Isabel, uma das empresárias mais poderosas de África, movendo-se em áreas multimilionárias como o petróleo ou os diamantes. Na última visita a Angola, o primeiro-ministro José Sócrates elogiou o seu empreendedorismo, endereçando-lhe convite para ministrar em Lisboa uma conferência sobre dinamismo empresarial. Talvez fosse aí o momento para explorar a contradição destes números: crescimento da economia angolana ao ano - 18 por cento; taxa de desemprego - 80 por cento. Ali, não era de certeza. Explodira alegria e fogo de artifício. O bolo de aniversário tinha agora um cenário de chuva brilhante, que iluminava o mar e os guardas que no pontão embalavam metralhadoras kalashnikovs.
Descera a madrugada em arromba. Os mais idosos começavam a desistir. Entravam outros, «party-people», «subjet-set» generalistas, a arejar as narinas com leques coloridos, envergando óculos panorâmicos, próprios para o amanhecer na pista. Excelente média de empresário por metro quadrado. O Mister África 2007, que agora chegava, cruzava-se com um deputado, de saída. A sociedade emergente desfilava, celebrando-se. O Miami era agora uma mini-Ibiza. O balcão do bar segurava um amontoado de gente, escorriam suores na pista, corpos apertavam-se, soltava-se África. Com a luz da manhã, os resistentes abandonaram.


Estrada para Viana. Snack Bar
À tarde, na esplanada de um restaurante chinês, na ilha de Luanda, hoje mais uma península, a cidade aparecia de novo deslumbrante, a coberto da distância, só interrompida por barcos de pesca rudimentares ou pelos iates que balouçavam ancorados. Câmara, luzes, acção: «Incrível! Como é que pode?», frase da Melhor Actriz angolana de telenovelas 2006, Tânia Bwity. Decorria a gravação da próxima telenovela da Televisão Pública de Angola, de título «Crime e Punição» - nada de Dostoievski -, sob direcção e argumento de Aloísio Filho, brasileiro, contente por ali estar, a bordo de um carro-digital com um estúdio móvel do mais moderno que é possível. «Incrível! Como é que pode?» Take 2. Os artistas, diz Tânia, são em muitos sentidos o espelho convexo da Angola que se mostra ao mundo, e ópio para os 12 milhões no anonimato, que usa quilómetros de puxadas de fios eléctricos só para os ver. «Incrível! Como é que pode?» Take 3. A avaliar pelo cenário, nada de errado.
INTERIOR da UNYKA, loja do estilista Rucka Santos, uma das mais luxuosas de Luanda (à espreita, um sinal dos tempos: uma cliente chinesa) A luz do dia começou a esconder-se. Do outro lado, Luanda adquiria brilho, camuflada sob as luzes de uma urbanidade que não tem. Esconde tantos segredos esta cidade, tantas singularidades, um fosso social que determina tudo ou nada, onde bolina uma classe média tímida, em boa parte expatriados ao serviço de multinacionais. Dizia alguém à Rádio Nacional sobre o problema dos buracos, que entopem o que está sobrelotado: «Como resolver o problema? Comprando um jipe.» Faz isto tanto sentido como a insegurança ser um excelente negócio para quem vende a segurança. Ou como estradas tão más entre províncias resultam num enorme estímulo para as companhias de aviação privadas. Angola está em bruto, como um diamante, mas não sofre de ingenuidade.


Luanda sul


De modo que se torna difícil massificar as modas internacionais, enquanto na rua há miúdos a coçar os piolhos, ou democratizar o luxo num universo transversal que habita condomínios de pobreza. Luanda é uma festa de crianças onde poucos têm altura para chegar à caixa das bolachas. É, portanto, o que é. Mas é também o inverso. Sol e alegria, desprendimento, ruído, vida vivida rápido, «ya» e «tásse bem». O ritmo vagaroso é apressado. A sua pressa tem muito tempo. O tempo tem relógios à venda, a bom preço nos zungueiros (vendedores de rua), directamente de um retalhista da R.D. do Congo. Que «take» reservará o futuro?
A BORDO de um iate, a caminho do Mussulo, recanto paradisíaco de Luanda Sul Se for da moda angolana, ao fundo está um sorriso. Os estilistas de Luanda, em processo de internacionalização, são como uma S.A. que se exporta, importando tecidos para as suas criações. Há tradicionalistas, retro-vanguarda, corte clássico, puristas, tribalistas, neoliberais, esquerda «fashion», os que estudaram Gestão em Lisboa, outros advocacia em Londres, uns que tiveram educação nos EUA, outros ali mesmo. Todos tomaram novo curso neste sector específico do universo amplo da futilidade. E há Shunnoz Tião, transcendência, antigo estudante de Psicologia, autoproclamado inventor da Pensologia, segundo o autor, uma espécie de corrente intelectual, com artes de igreja alternativa. «Não somos nada», diz Tião. «Não somos carne», diz Tião. Tião, contudo, desenha roupas para a carne que as pode comprar, vive da carne onde passeiam os exemplares com a sua assinatura. Com Tekassala, parceiro de ateliê, foram os Estilistas do Ano em Angola. Hoje, para encontrá-los é preciso viajar para as grandes capitais europeias, nas teias da globalização. O mesmo aconteceu com Rucka Santos. A sua loja, UNYKA, vende a exclusividade que o dinheiro pode comprar. Rucka organizou recentemente o espectáculo de Missy Elliot, embaixadora multimilionária do «rap» americano, que veio a Luanda ver como Angola é pobre entre o aeroporto e a sala de espectáculos. «Ela ficou muito impressionada com as mulheres com a fruta à cabeça», diz Rucka.





Luanda Sul


Vista da marina, onde iates e barcos de pesca tradicionais partilham águas «O mercado é reduzido, mas abastado», garantem. Tanto vai ao cabeleireiro a Paris, como lhe pode apetecer comprar-lhes uma colecção inteira e deixar o troco. Na «chaise longue» social, essa Luanda é como se fosse a capital do paraíso, pequeníssima, tão real como a outra, imensa e submissa, atada de pés e mãos como um gigante em Liliput. A sobrevoar a cidade num helicóptero particular, em direcção ao iate, na travessia para uma mansão, nem se notam as evidências. Os grandes problemas tornam-se pequenos, minúsculos, ínfimos. E desaparecem, voando para longe na nuvem doce de um Cohiba à brisa da utopia.
Vive em Luanda uma cidade cor-de-rosa, de festas, brindes à saúde dela própria, em pose para a «Caras», por acaso propriedade de Tchizé dos Santos, filha do Presidente. O angolano tem natureza vaidosa, gosta de exibir. A «Caras» dá os «high-lights» de tudo a quem nada tem. Os luxos, as recepções oficiais nos jardins da Cidade Alta, no palácio oficial do Presidente, as galas, as festas no Mussulo, recanto paradisíaco de Luanda Sul, navegando para lá nos seus iates, trajando lantejoulas e «smokings», com vista para uma cidade feroz, nas ruas de outra realidade.

Luanda Sul

Festa de praia Não seria por isso que Luís «Dufa» Rasgado, destacado empresário de Benguela, com vínculo ao MPLA, deixaria de assinalar o seu 60.º aniversário. A sociedade das aparências - ou das evidências - celebrava mais uma noite. Dizia no convite para se usar indumentária adequada, as melhores jóias, um «je ne sais quoi» de qualquer coisa, fosse o convidado pele de lobo em cordeiro ou exactamente o contrário. Fosse como fosse, ao entrar deixaram para trás uma rua cheia de guardas. E estes deixaram para trás as barracas e os milhões que nelas habitam, que deixaram para trás a província, as origens, longe, em sítios onde hoje só moram os velhos e a incapacidade de voltar. Para trás, musseque e pobreza. Para a frente, acepipes.
Gin-tónico, talvez? Whiskie irlandês com duas pedras de gelo purificado? Uma cervejinha importada a estalar? Salgadinho? O aniversariante, de «smoking» branco, da mesma cor do seu sorriso, estava à porta do Endiama, uma casa colonial de luxo no bairro de Miramar, onde fica a residência não-oficial do Presidente, assim como a «Casa Branca», que foi morada de Jonas Savimbi, líder defunto da UNITA. Abraço, beijo, agradecimentos pela comparência. «O trânsito está um inferno», atirou uma convidada, acertando a traseira do vestido, por onde escapava um pedaço de roupa interior. «Não se pode», devolveu outra, irrepreensível em corte clássico sobre camisa de folhos, penteado de fixação improvável.
SHUNNOZ TIÃO desenha roupas para os ricos. A sua parceria com Tekassala garantiu-lhes o título de Estilistas do Ano em Angola Muito difícil o trânsito na cidade. Se chove, pior. Os assaltos também não ajudam. Luanda foi desenhada para 500 mil pessoas. Tem hoje mais de cinco milhões. Nada flui. Só os mil esquemas que a rua oferece. Aliás, vende. Nada é de graça. Tudo se paga. Tudo falta. Tudo se arranja. Só os limitados conhecem como são duros os limites. E guardam isso para eles, como se guardassem um segredo. Os que navegam na zona franca do «cash-flow» saboreiam esta nova Angola que superou o colonialismo português, mas não o arrumou, que saiu de uma longa guerra civil, mas não sarou todas as feridas, que tem abundância de petróleo e diamantes e transborda pobreza a cada rua. E transborda riqueza, como certa roupa interior num vestido apertado.
É a Angola dos descendentes da ascendência, ínfima minoria. Alto negócio, carro de luxo, charuto, helicóptero, iate e champanhe, apartamento na cidade e casa no campo, da política de relacionamentos, do apetite sôfrego das economias internacionais. Crescem em Luanda prédios moderníssimos, esguios por questões de propriedade privada e valor de metro quadrado numa das cidades mais caras do mundo. Mas os passeios e as estradas em redor são feitos de buracos públicos. As chinelas havaianas que nelas passeiam - baptizadas «facilitas» -, tornaram-se mito, calçaram todos os pés, foram augúrio de modernidade. Mas os pés continuam sujos. E nada podem, caso se cruzem na rua com os pneus de um jipe topo de gama. O trânsito estava um inferno? Provável.
ESTIVANDRA Oliveira, Miss Angola 2006, fotografada na varanda da suite do Hotel Alvalade, em Luanda Os convidados integravam-se, escorriam pela cerimónia, mais descontraídos, segurando copos, descrevendo círculos. Uma bola gigante multimédia assinalava o evento: «Parabéns Dufa». Perto das mesas alongava-se um «buffet». Carnes, peixes, mariscos, frios, quentes, dentro de enormes caixas de cobre com tampa deslizante, para manter à temperatura exacta a comida. O vinho tinto devia estar a 16 graus. Para o Moët & Chandon, que começava a jorrar, o calor era inimigo da perfeição. Lá fora, dentro da enorme panela ao lume chamada Luanda, nas barracas onde não existe frigorífico e os escassos alimentos se conservam em sal, a Cuca, cerveja local, também sofre aquecimento prematuro. Tantas coisas dividem esse mundo deste, só mesmo imponderáveis os podiam unir num problema comum, sublinhando a diferença que os separa: uns incomodam-se porque não conseguem ter tudo. Outros sofrem porque só conseguem ter nada.




Estrada para Viana

Na pista, meninas com traje de princesinhas rodopiavam alegremente. Por trás do palco, um desfile de doces e uma colecção de frutos. Ao lado, outra de frutos secos. Um conviva mais animado, que sabia do que falava em matéria de fruta seca, pegou num exemplar e declarou: «Este é bom para a virilidade», olhar malandro. «É... hermafrodita». Adiante. Repasto, sobremesa, mais brindes, discursos, mais champanhe, digestivos, mais champanhe e mais champanhe, champanhe para o momento da noite: Dufa dirigiu-se ao centro da pista, para soprar as velas. Seguiram-se horas de baile, comida, bebida, alegria.
OS RICOS são poucos e muito ricos. Os pobres são muitos e muito pobres. São dois mundos diferentes num convívio de vizinhos Só a chuva deteve a festa, já de madrugada. De madrugada, o trânsito já não é um inferno. O inferno dorme a essa hora. Mas a chuva vai acordá-lo em sobressalto, despertando a Angola que não vai à «vernissage» e ao beberete, não tem preocupações com os «down jones» e o preço do barril de crude, não bebe conhaque em balão aquecido, não tem um todo-o-terreno Porsche e conta «off-shore», nem é servida em bandejas de prata. Essa Luanda, desenraizada, agoniza em contrastes. E sorri. E, sorrindo, é a Angola perdedora, neste jogo de subserviências. Tem a Babilónia debaixo dos pés, mas não encontra o caminho no meio do lixo e das barracas, a tropeçar no vácuo, a cair em nada. Se escavar um pouco do seu solo, é provável que encontre petróleo ou diamantes. A escavar no seu musseque, só encontra musseque.

terça-feira, julho 15, 2008

Whisky... velho!
Uma garrafa comprada no Luacano
aberta 40 anos depois

Para conhecer a história, ligar o som e clicar nas linhas seguintes:

http://www.youtube.com/watch?v=
mYOGSVB48aM&eurl=http://
batalhaocavalaria1883.blogspot.com/
Da C.Cav.1537 Chegou correio

Alguém sabe do Pinela?

Acaba de nos chegar esta mensagem do alferes Barreira, que se percebe ser dirigida ao Furriel António Vieira, que comentou aqui recentemente. Nenhum deles é nosso conhecido, mas isso não impede que aqui deixemos o apelo: Alguém sabe o paradeiro do alferes Pinela?

"Eu era da CCAV 1537 e fui render a v/companhia ao Mucussueje. Encontrei lá um amigo meu de Bragança , o alferes Pinela. Ainda me lembro bem da sua lavadeira, a Laurinda, que depois ficou comigo, alferes Barreira. Temos um blogue, procura por bcav1883 no google e logo lá vais. Sabes alguma coisa do Pinela? Nunca mais o vi.

Este é o endereço do nosso blogue: http://batalhaocavalaria1883.blogspot.com/"


Abílio Henriques em Luanda
Luanda Sul, hoje
Estrada de Luanda-Sul para Viana
Para ampliar, clicar sobre a foto

Estrada de Luanda-Sul para Viana. Posto de vendas de Materiais de Construção
Para ampliar, clicar sobre a foto

Pronto a Vestir
Para ampliar, clicar sobre a foto

O Abílio Henriques, que foi Furriel Miliciano da C.Caç.2544 e um dos mais entusiastas e colaboradores deste blog, esteve em Luanda há poucos dias.

As fotos que nos manda foram obtidas mediante telemóvel, em condições precárias, conforme nos relata. Mas promete equipar-se melhor para a próxima deslocação que fará outra vez a Angola.


Para já, aqui ficam três imagens. Outras se seguirão nos próximos dias.

sábado, julho 12, 2008

De Cavalaria
Chegou correio
Por curiosidade vesitei o vosso blog, porque uma comp. do Bat. a que pertenci esteve aí desde o Natal de 1966 a Junho de 1967 era a Comp: Cav. 780 eu pertencia a Comp. Cav.781 que estava no Mucussuege.

Voces têm um lindo blog, só lhes desejos felicidades.

Sou Antonio Vieira. Fui Fur. Mil. Mec. da Comp.Cav.781.

Podem ver o blog do BATALHAO CAVALARIA 782

Recordemos, com esta simpática mensagem que nos é enviada, a data que hoje tem um especial relevo para nós: completam-se neste dia 39 anos do nosso desembarque em Luanda. Luanda que encerra no seu nome a palavra Lua. Lua onde, seste preciso dia de há 39 anos, o homem desembarcou pela primeira vez.

Um dia de desembarques, este 12 de Julho de 1969!!!

Zé Oliveira

Alô Faria, vou hoje jantar a Vila Real e fico para amanhã. Estou no grupo das caricaturas.
Aparece!

sexta-feira, julho 11, 2008

Do B.Caç.2877
Chegou correio

Na caixa dos comentários entrou hoje esta mensagem, enviada por um camarada do B.Caç.2877, que viajoun connosco para Angola no Vera Cruz:

"Aqui lhes deixamos um grande abraço de amizade e camaradagem.
Muitos fomos e regressamos. Infelizmente nem todos.
Tomamos a liberdade de colocar no post de 12de Julho 08 uma referência e a cópia da apresentação do vosso Blog.

Até sempre

Bras Gonçalves

As palavras com que o Brás Gonçalves termina a mensagem aí de cima referem-se ao texto que temos no cabeçalho de apresentação do nosso blog. Agradecemos a referência e a transcrição e retribuimos os cunprimentos.

Segue o texto que Brás Gonçalves publica em http://bcac2877.blogspot.com/. Assinalamos a verde o texto transcrito do blog "Lumege".


Aqui deixamos, em mais um ano passado, a recordação amarga do nosso embarque para Luanda a 12 de Julho de 1969.
Muitos dos que foram, não voltaram.
Muitos dos que voltaram, já não estão vivos para nos acompanharem.
De todos e para todos, aqui deixamos um grande abraço de amizade, de companheirismo que se gera, se sedimenta e perdura para sempre, quando nascido de tempos e momentos de grandes dificuldade e incertezas.
Assim foi a vida de todos nós, naqueles 2 anos, perdidos, na nossa vida.
Por mais que não queiramos, as recordações da passagem pela guerra deixa marcas que irão permanecer por todo o resto da nossa vida.
Os sons, os cheiros, as memórias, vão passando muitas vezes, como um filme, aos pedaços, sobre as nossas consciências.
Aparecem em qualquer momento, sem se saber porquê.
Vivem acumuladas, como o pó num velho sotão, que de quando em quando é visitado e limpo.
Rebuscamos e aqui deixamos, parte da apresentação do Blog da CCAC2544 que seguiu connosco no Vera Cruz.
Um grande abraço tambem para todos eles



O dia em que desembarcámos em Luanda está registado a letras de ouro na História da Humanidade. Porque foi o dia em que o Homem desembarcou na Lua! Depois do Grafanil, veio o Lumege e mais tarde o Forte República. Éramos a CCaç. 2544 do Batalhão de Caçadores 2878, jovens apanhados na curva serôdea do colonialismo. Não desejámos a Guerra Colonial, mas participámos nela. Com que proveito? O da amizade que construímos e mantemos.


Esta foto-legenda, publicada no Século de 13 de Julho de 1969, regista em curto texto e documenta fotograficamente o nosso embarque no Vera Cruz a caminho de Angola, justamente no dia que hoje, 12 de Julho, cumpre 39 anos.

Há exactamente dois anos, publicávamos a imagem desta mesma notícia graças ao esforço do Fernando Hipólito, que a recolheu durante pesquisa que fez na Hemeroteca Municipal de Lisboa. Obteve-a nessa altura do modo possível, ou seja: por fotocópia. Por isso, a inserção que então fizemos não tinha a melhor qualidade. Entretanto, e mercê de um post publicado ontem no blog http://bcac2877.blogspot.com, dos camaradas que fizeram connosco no mesmo embarque, é-nos agora possível editar o mesmo documento mas agora com a qualidade acrescida que permite o recorte autêntico.

A última linha do texto deste recorte foi restaurada pelo blog Lumege, pois apresentava apenas as cabeças das letras.

Para ler o texto do recorte, clicar sobre a imagem




Lumege actual, visto do ar
As ruínas do nosso quartel aparecem no centro da imagem.
A messe de sargentos e o refeitório parece terem dersaparecido. Por serem de madeira, foram incendiados?
À esquerda, aparece a pista de aviação. Tem aparência de bastante usada.
Para ampliar, clicar sobre a foto

Já aqui dissemos, mas repetimos: para passear sobre o foto-mapa actualizado da região do Lumege (de todo o mundo, afinal!) basta clicar nas letras verdes abaixo e começar a actuar com o rato ao longo do monitor. Na escala da esquerda, pode aumentar (ou diminuir) a escala do foto-mapa. Actuando nas janelas em cima à direita, que aparecem no ecran sobre a foto, pode optar por ter as legendas (nomes das localidades, etc), que no caso do Lumege e região se resumem a bem pouco.
Angola&ie=UTF8&ll=-11.554287,20.781198&spn=0.008809,0.013218&t=h&z=
16&iwloc=addr
Alô terras do Sol Nascente!
Do Japão, quem nos visita?
...não é só curiosidade, é mesmo a suspeita de que podemos estar perante uma história curiosa: Quem, do Japão, nos visita aqui no blog?

Como já repararam, temos agora um geolocalizador de visitas aí na coluna do lado direito. (Até nos diz se em Paris faz sol ou troveja, mas enfim... o serviço do geolocalizador é de borla e a gente aceita, não escolhe...). Não sei se todos estão conhecedores de que indo ali ao geolocalizador e clicando sobre as bandeiras, somos remetidos para outra página. Depois, já nessa página, se clicarmos numa das bandeiras, ficamos a saber a localização mais exacta dos visitantes. E é assim que sabemos que, hoje, alguém nos leu a partir de Osaka.

Quem terá sido?!...

.

quarta-feira, julho 02, 2008

Chegou correio

"Pela primeira vez visitei o blog. Como apaixonado por aquelas terras, embora não me considere um ex-combatente, pois tive a "felicidade", de nunca ter saido das cidades de Luanda, excepto quinze dias no Luso e um dia de passagem por Nova Lisboa.

É com muito apreço que deixo o meu louvor a quem dedica parte do seu tempo dando noticias e divulgar os factos ocorridos.
Bem Haja."

Jaime

Nota:
Por uns instantes, assaltou-nos a possibilidade de estarmos a receber uma mensagem do Jaimito que, vindo do outro lado da "barricada", foi recolhido pela C.Caç.2544 e integrou a turma da escola primária do Lumege com aulas dadas pela esposa do Comandante da Companhia, o Sr. Capitão Tangarrinhas (ver neste blog nota de 20 de Maio de 2008) Mas não é ele quem nos contacta, é outro Jaime. Então, dois apelos:- Ao Jaime que agora nos escreve, pergunto: não quer contar o que é que o levou de Luanda até ao Luso passar uns dias?- Ao outro Jaime, o tal que, vindo do mato e do outro lado da guerrilha (mas entusiasta do Benfica!), será que estes milagres da internet o colocam em contacto connosco?

domingo, junho 29, 2008

Comentem mais!

Hoje, domingo e belo tempo para praia (ou para passeio pelo campo) pelo menos aqui por Portugal, apesar disso, e até meio da tarde já houve 8 visitas aqui ao blog "Lumege".

Duas visitas vieram de Lisboa e veio uma visita de cada uma das seguintes localidades: Marinha Grande, Belas, Barreiro, Leiria, Luanda (Angola), Neuvy-pailloux (França).
Mas ninguém deixou comentários; e seria interessante que o fizessem. No meu caso, verifico que aqui bem perto de mim, na Marinha Grande onde aliás estarei amanhã a partir das nove, alguém veio partilhar connosco aqui no blog.

Registem a vossa passagem! Falem-nos das razões que vos levaram a vir "conhecer" o Lumege!
Para deixar comentário, basta clicar aqui mesmo abaixo desta linha sobre a palavra verde comments.

sábado, junho 28, 2008

Chegou correio
Escreve-nos o Sr. Videira do Cameia Bar

As palavras seguintes foram deixadas em comentário em dois posts (de 31/7/06 e 21/4/06).
Retribuimos os votos e gostaríamos de, no próximo ano, poder abraçar o Sr. Videira e esposa (e filhos) no convívio da C.Caç.2544. A data e local de almoço já estão marcados, é a 30 de Maio na Figueira da Foz. Hoje em dia, de Seia à Figueira é uma viagem rápida que os filhos ajudarão a planear! Tem um ano para pensar nisso.
Segue a mensagem do Sr. Videira:

"Parabéns pela ideia do Blog, deste Ponto de Encontro!

Eu, António Videira e a minha esposa Adelaide Videira (os proprietários do Cameia Bar) estamos muito honrados com os vossos comentários.

Aproveitamos ainda a ocasião, para mandar um beijinho muito especial ao nosso afilhado “Nelito” Tavares, filho do Sr. Hostilio Tavares e a todos que connosco viveram num clima de fraternidade, e foi essa forma de viver em comunidade que mais saudades nos deixou…

Emocionamo-nos ao recordar as pessoas e os lugares, trazendo-nos à memória os tempos vividos…

A todos votos de muita saúde."

terça-feira, junho 24, 2008

Na Mealhada

C.Caç.2544 reuniu para almoço



Foram 23 os combatentes que...

...armados de facas e garfos...

...de pé ou sentados...

...seguiram a atitude exemplar do Comando...

...comendo e confraternizando.

Até as veteranas participaram nesta operação!

A alguns, chegava o gás mostarda ao nariz.

Outros jogavam de canto e à defesa!


E tudo acabou em bem, com o bolo cortado em 54 fatias, As mais gordinhas foram para os 23 combatentes e as restantes para os seus acompanhantes...

Para o ano há mais, a 30 de Maio na Figueira da Foz.

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CONFIDENCIAL
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Nem todos viram tudo durante a última confraternização da C.Caç.2544, mas a nossa câmara indiscreta esteve lá!








































Depois do telejornal
O ex-alferes Cardoso Hoje na RTP
O Alferes Cardoso, de quem se fala abaixo, intervém hoje num programa de televisão da RTP, depois do telejornal da noite.
A notícia foi obtida pelo Fernando Hipólito junto do ex-capitão Tangarrinhas no decurso do almoço de confraternização do passado sábado.
Trata-se de uma informação incompleta, que não refere programa nem canal de TV onde passa, mas a todo o momento introduziremos aqui novos pormenores.

domingo, junho 22, 2008

Chegou correio
O Alferes Cardoso

José Maciel deixou o seguinte comentário:
"Eu nao conheci o Alferes Cardoso. O Sargento Queirós (creio que substituiu o Alf Cardoso) esteve algumas vezes em Chafinda com o grupo de GE's, no início de 1971, quando da minha permanência naquele destacamento".

Tem razão, José Maciel. O Alferes Cardoso, que já tinha terminado a sua comissão militar obrigatória e continuou em funções mediante contrato que decorreu da sua reconhecida eficácia, sofreu ferimentos em combate. Foi, aliás, o único ferido que o seu grupo alguma vez sofrera. Foi substituído pelo sargento Queirós, que pertencera à companhia "Os Cobras" continuando no exército também ele contratado, situação excepcional.

J.O.
Para ler o texto abaixo, clicar sobre a imagem
O alferes Cardoso é este da foto acima. O que se reproduz é uma página do livro "Guerra Colonial - Um repórter em Angola", de Fernando Farinha (e Carlos de Matos Gomes), da Notícias Editorial.
Para evitar equívocos, completamos a frase que se pode ler por cima da foto:
"E nunca chegou ao fim de qualquer acção em que não tivesse apanhado material ou armamento".
Este livro reune reportagens de guerra que Fernando Farinha publicava regularmente na revista Notícia, cuja séde era em Luanda embora tivesse uma redacção em Lisboa (chefiada por Edite Soeiro) e outra em Lourenço Marques, capital de Moçambique.
A Notícia tinha uma particularidade interessante: Em Luanda, preparavam-se os fotolitos em triplicado, seguindo um conjunto deles por avião para Moçambique e outro para Lisboa, para que a revista fosse impressa simultaneamente nos três territórios.
Voltarei a falar de Fernando Farinha em breve.

sábado, junho 21, 2008

B.CAÇ.2878
CCS reuniu (ignoro onde, mas reuniu!)
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Para ampliar, clicar sobre a foto
Eis dois momentos de um mesmo minuto do passado dia 14, quando a CCS do nosso Batalhão confraternizava. Onde? não sei. E passo a explicar:
Hoje, dia 21, reune com o mesmo objectivo a nossa C.Caç.2544. Não participo, por absoluta impossibilidade.
Como sabem, eu pertencia ao quadro orgânico da Quarenta e Quatro, mas passei a quase totalidade da comissão em serviçço na CCS.
Recebi atempadamente a informação da data e local da confraternizaçãoda 2544, mas nada recebi acerca da confraternização da CCS (devido a qualquer lapso que nem importa averiguar).
Há uns 15 dias, mais ou menos, telefonou-me o Pedro da Cantina para combinarmos a viagem juntos, pois ele mora a poucos quilómetros de distância de mim. Como eu apenas tinha recebido comunicação da confraternização da C.Caç.2544, confundi-me e, na minha cabeça, o Pedro "passou a ser" da companhia do Lumege. E respondi-lhe "não posso ir", mas estava a pensar na data de hoje, 21. E não pensei mais nisso.
Uma confusão do caraças!
Quando agora o Barrão Mendes me manda estas fotos, caio em mim! Olho para as caras e... é a CCS que está aqui reunida! Onde? Não faço ideia!
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Pesar pela morte do jerónimo...

Escreve o Barrão Mendes: "li a notícia da morte do Jerónimo, fiquei bastante chocado, mas nada a fazer, é a ordem da vida."
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...e regozijo pela participação do alf. Cardoso
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Acrescenta o Barrão Mendes: "O almoço da CCS foi no passado fim-de-semana, pela primeira vez esteve presente o ex-alferes Cardoso".
Como se recoram, o alferes Cardoso comandava o GE 300 e ficou lendário pelo espírito de grupo que conseguiu criar com os seus homens, todos africanos.
Cheguei a acompanhar o GE 300 numa operação de cinco dias na zona do Cassai, a pedido meu, movido pela curiosidade de conhecer a actuação do grupo, ao mesmo tempo que ficava também a conhecer o modo de actuação profissional de um jornalista francês que estava a trabalhar para uma publicação da África do Sul. Chamava-se Claude Gilbert e estava em reportagem de guerra para a revista Scoppe.
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José Oliveira

Nota:
O Alferes Cardoso parece-me ser o quarto da esq. para a dir. (de pé)