terça-feira, janeiro 31, 2006


A exemplo do que acontece com outros blogs a que dedico algum do meu tempo, também neste (e esta é uma opção pessoal, entenda-se, embora se deseje que este blog seja o mais colegial possível) também neste suprimirei todos os conteúdos que me pareçam vir automaticamente (normalmente com publicidade e quase sempre em inglês).
Mas abro uma excepção: não só permiti a entrada do comentário no artigo abaixo (com as fotos do Marques de Freitas), como o traduzo de seguida, agora aqui no corpo principal do blog. Também este vinha em inglês.
Depois de lerem, creio que compreenderão a minha opção.

Zé Oliveira


Há um tempo...

Há um tempo para tudo, uma altura e um espaço para cada actividade. Um tempo para nascer e um tempo para morrer.
Um tempo para semear e um tempo para colher.
Um tempo para ferir e um tempo para sarar.
Um tempo para derrubar e um tempo para reconstruír.
Um tempo para chorar e um tempo para rir.
Um tempo para lamentar e um tempo para dançar.
Um tempo para espalhar pedras e um tempo para juntar pedras.
Um tempo para abraçar e um tempo para regressar.
Um tempo para procurar e um tempo para perder.
Um tempo para guardar e um tempo para deitar fora.
Um tempo para rasgar e um tempo para remendar.
Um tempo para ficar calado e um tempo para falar.
Um tempo para amar e um tempo para odiar.
Um tempo para a guerra e um tempo para a paz.

Faça com que este seja o seu tempo de rir,
Abraçar e receber
paz pessoal,
Dr. Howdy

segunda-feira, janeiro 30, 2006



Fotos e legendas do álbum de Marques de Freitas

A Novela de uma Guerra
Episódio I


Moldada na exigente recruta, a "nossa" tropa chegou a África pronta para responder a todas as "batalhas", abrir flancos e não dar tréguas... à solidão.
Era preciso aprender com quem sabia e desenvolver um rigoroso programa de...
Acção Psicológica.
.
Com o sábio conselho de longas vidas...
1


...em troca de cigarro ...
2
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...não há sacrifício que nos demova ...
3


...nem provações...
4
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...que desmoralizem.
5
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Convoca-se à festa...
6
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...e enchem-se os sacos.
7

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Agita-se a juventude...
8
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... e acarinha-se a infância.

9

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Introduzem-se as novas tecnologias de produção e transformação.

10

.

... e visitam-se as esforçadas lavadeiras, para que nada falte... a ninguém!

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ConcursoQuem é Quem?

...Quem é que diz quem é quem, nas fotos acima? O camarada de armas que conseguir identificar as personagens (só as militares), pelo nome (claro) terá direito a um valioso prémio, a atribuir pela comissão (por enquanto ad hoc) aqui do blog.

O primeiro classificado é condecorado Cavaleiro (!) da Ordem de Infantaria, cabendo ao segundo o título de Atirador da Boa Memória. O acto de condecoração será assinalado com um almoço de cerimónia, com dispensa de gravata.

Conta para a classificação, a quantidade de nomes correctos que cada concorrente deve comunicar, referenciados a cada número de foto, através do "comentário" imediatamente abaixo, neste blog. Para desempate, toma-se em atenção a resposta que tiver chegado mais célere.

De novo
À procura da madrinha

Mais abaixo, damos conta de um apelo de uma senhora que procura a madrinha, do Lumege.
Recordamos que a afilhada se chama Fernanda Brásio e, segundo parece, terá sido nossa contemporânea naquela localidade do Leste angolano. O nome da sua mdrinha: Maria de Lurdes Correia.

Fernanda Brásio contactou-nos
Fernanda Brásio já contactou este blog para agradecer o nosso esforço e autorizar a divulgação do seu e-mail. E confessa-nos: "Para mim é um dilema muito grande não saber onde está a minha madrinha. Desde a idade dos 10 anos que a procuro, mas sem sucesso. Mas espero encontrá-la um dia, tenho esperança".

Será que algum de nós tem uma pista? Entretanto, recomendamos à Fernanda Brásio que fique atenta às fotografias que começaremos a inserir brevemente aqui no blog, pois não é impossível encontrar nelas a madrinha... Ou até encontrar-se a si própria... É certo que o que ela pretende é encontrar a madrinha mesmo em carne e osso. Mas, nesta "investigação" que começa a ser quase "policial", todas as "pistas" poderão conduzir ao resultado pretendido!

A Fernanda Brásio vive em Portugal? Ou não? (Algo nos diz que não!). O seu pai trabalhava na Segurança do CFB? (Algo nos diz que sim!)

Aqui vai o e-mail da angustiada afilhada: fernandabrasio@hotmail.com


"Camacove" reconstruído

até 2009 com dinheiro da China




A notícia foi divulgada em Novembro de 2005 por Daniel Quipache, director do Caminho de Ferro de Benguela, que disse ser intenção do governo fazer chegar o comboio ao município do Luau, a 1.301 km da cidade do Lobito, no prazo de três anos. Isso só é possível, à custa de uma linha de crédito da República da China. Esse crédito veio acelerar a reabilitação, que se previa apenas para 2012, com tendência para atrasar, pois ia-se constatando que faltava brita, travessas e pontes.


O projecto Lobito-Cubal, com uma extensão de 153 km, devia ter ficado concluído em Dezembro de 2004, mas que só arrancou definitivamente em Julho de 2005. O projecto entre Luena (ex Luso) e Luau (ex Teixeira de Sousa) tem uma extensão aproximada de 311 Km e está em fase de conclusão.


Em 2001, a Companhia do Caminho de Ferro de Benguela estava reduzida aos 34 Kms entre o Lobito e Benguela (Ramal de Benguela) e algumas linhas de acesso a armazéns e industrias do Lobito (Complexo do Lobito e cintura do Lobito - com aproximadamente 18 Kms).

Contrato terminou em 2001

O contrato de concessão de exploração (por 99 anos) atribuído à Companhia dos Caminhos de Ferro de Benguela SARL terminou em 28 de Novembro de 2001, revertendo a favor do Estado todos os meios fixos e circulantes.

Mais informação em "CFB - Caminho de Ferro de Benguela", em www.cpires.com/angola_comboios.html


Dia do Combatente

Oito associações de antigos combatentes da Guerra Colonial reuniram-se no passado sábado em Pombal e reivindicaram a criação do Dia Nacional do Combatente. Segundo declarou António Ferraz, presidente da Associação dos Combatentes do Ultramar Português, "era um acto de justiça reconhecer estes homens que arriscaram a vida pela Pátria e seria bom que isso fosse feito enquanto ainda estão vivos".
Foram também considerados "muito apreensivos" os termos em que estará a ser elaborada pelo Governo a lei que regulamentará a contagem do tempo de serviço em comissão para efeitos de reforma. Aguarda-se a publicação dessa lei em Março ou Abril. Ainda segundo António Ferraz, "parece que querem restringir os benefícios apenas aos necessitados, o que nós não aceitamos. Porque não é justo dar apenas a alguns um direito que é de todos".
Este blog ainda não possui a sua configuração definitiva. Por exemplo: tem demasiado texto e faltam-lhe imagens. Mas vai melhorar nesse aspecto muito brevemente.
Só por dificuldades técnicas é que não entrarou ainda um conjunto de bastantes e curiosas fotos que nos enviou Marques de Freitas (ex Alferes).

sábado, janeiro 28, 2006



Notas breves

Algumas reflexões

Alguns de nós temos reflectido acerca das características mais adequadas para o conteúdo deste blog. Chegou a ser elaborado um documento para discussão que era quase um Estatuto Editorial, mas a discussão não chegou a nascer. Apesar disso, embora competamente "ad hoc", o coordenador espontâneo do blog está comprometido (por enquanto apenas consigo próprio...) a garantir o mínimo de regras de ética que estas coisas devem ter. Assim, é recomendável que os conteúdos aqui editados respeitem escrupulosamente a dignidade de quantos se envolveram na Guerra Colonial, de um lado ou de outro.

Isto nada tem a ver com a liberdade de expressão, é uma coisa diferente. Cada um de nós tem o direito à sua liberdade, que necessariamente não pode sobrepor-se à liberdade dos outros. Sejam eles quem forem, sejam eles quem tiverem sido, começam por ser livres de ter a sua dignidade respeitada.


Venham colaborações!

Só é possível fazer deste espaço um documento vivo, se formos muitos a colaborar.

O facto de termos participado na Guerra Colonial, não deve envergonhar-nos. Foi uma situação histórica em que estivemos envolvidos, sem que alguém nos tivesse perguntado se o desejávamos.

Portanto, Saibamos tirar da situação as consequências positivas: Fizemos amigos para toda a vida, conhecemos novas gentes e novas paisagens, ficámos mais dispertos para as voltas e contravoltas da História.

Partilhemos uns com os outros (e com os desconhecidos) as nossas fotos e as nossas recordações! Quem tiver pertencido à CCAÇ 2544 e quiser colaborar neste blog, deixe um recado com o seu endereço num comentário.

Blog já tem contador de visitas


Para saberes quantas visitas foram feitas a este blog, basta correr toda a página até ao fundo.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Neste blog, há liberdade de expressão

Há memórias que dói recordar.

A Guerra Colonial, na qual participámos, está carregada de memórias dolorosas, embora nós tenhamos tido a sorte de militar numa Companhia que trouxe de volta todos os seus homens, sãos e salvos.

Mesmo assim, alguns de nós trouxeram episódios na bagagem da sua memória que poderão porventura ser difíceis de escrever, ser difíceis de ler. Mas é preciso que os relatemos. Com a crueza que porventura encerrem, porque a História quere-se feita de verdades inteiras, não de meias verdades.

Creio poder dizer que interpreto o sentimento de todos os que vão colaborar neste espaço de informação, quando afirmo que, por mais brutais que sejam os relatos aqui divulgados, eles não reflectem o mínimo menosprezo para com quem quer que seja estivesse de que lado estivesse do "arame farpado".

As contingências da guerra não devem ser escamoteadas, antes assumidas.

É por isso que, como um dos responsáveis pelo arranque desta espaço de informação/memória, afirmo: a liberdade de expressão nunca deve ter qualquer condicionamento. Apenas deve ter em conta o respeito para com os outros.

José Oliveira
O que era o
Destacamento do Forte Cameia?

Era um posto avançado da Companhia 2544, que tinha por missão controlar a entrada e saída de nativos da zona de acção da Companhia. Qualquer um que desejasse ausentar-se da zona, deveria ir solicitar ao Comandante do Destacamento um salvo-conduto, para poder circular fora dela. Esse salvo-conduto tinha a data, o nome do nativo e o período em que poderia estar ausente da zona de residência. Findo esse prazo, deveria regressar, devolvendo o salvo-conduto, ou correria o risco de ser interceptado e...


A crueza da guerrilha

Esta foto foi obtida depois de termos apanhado dois indivíduos fora da zona decontrolo. Levados para o Destacamento Militar do Forte Cameia, foram interrogados pelo responsável pelo Destacamento, (o que está no centro da foto) com a intenção de se obterem algumas informações conducentes a outras acções militares, como veio a acontecer.Um dos indivíduos, ao ser interrogado e ao ver a sua situação a complicar-se, decidir dar um valente "sopapo" no comandante do destacamento, atirando-ocontra a parede do edifício que se vê na foto (dormitório do pessoal que comportava 15 homens) e em passo muito acelerado (quer dizer, a correr com os pés a baterem bem no fundo das costas), dirigia-se para porta de armas do referido destacamento, com a intenção de se pôr a milhas do local. Um dos homens da guarnição que estava presente e que fazia guarda num dos postos que construimos, quando o comandante do destacamento lhe disse "está à espera dequê ?". O soldado, virou o cano da G3 e... Foi o primeiro lilaz que a CCaç. 2544 causou ao inimigo. O outro, que estava ainda por interrogar, não lhe interessou seguir o mesmo destino e cooperou. De tal modo que, umas semanas mais tarde, em operação de dois pelotões da nossa Companhia, 3º e 4º onde estavam os Alferes Oliveira e Freitas e os Furrieis, Rocha e Numídio, Alho eAbílio, o transmissões Almerindo, o enfermeiro Martins, bem como o CapitãoTangarrinhas, fizemos um assalto ao acampamento referido pelo interrogado no Forte Cameia. Apanhamos umas coisitas sem grande importância.



Da esquerda para a direita: Enfermeiro Vieira, Furriel Rocha e Transmissões Orlando, falecido há ano e meio

Rodeados por cinco mil residentes

Mas o Destacamento Militar do Forte da Cameia era um local distante do Lumege, cerca de 22 Km, isolado perto do rio Lumege, (paisagem magnifica, pelo perder de vista da "chana" do leste de Angola), e rodeado de cerca de 5.000 residentes. Essa Zona, era um dos locais de abastecimento dos nativos, onde havia um aldeamento "chiesso" e do outro lado do rio Lumege outro aldeamento, o "Jamba", este muito mais "quente", pois recebia as visitas dos combatentes inimigos, da zona do Cassai ! Na minha estadia nesse Destacamento acabei por fazer as guaritas para a guarda, a cozinha e recobrir, com capim novo, as casernas do pessoal e do comando. Os dois que me ladeiam na foto, à esquerda o Enfermeiro Vieira, residente em Sandim Vila Nova de Gaia, (bom moço), sempre disposto a ajudar com penicilina aqueles que se distraíam com as negrinhas e ficavam com o instrumento inchado e inoperacional. O outro, o da direita na foto, o Orlando das Transmissões, era presença sempre activa nas nossas deslocações. Este moço, de um sentidode humor, ímpar, faleceu à cerca de 1 ano e meio, brutalmente atropelado àporta de sua casa em Lordelo Guimarães.

Cerveja à custa do jacaré

Que saudades esse local me deixa... Os jacarés a dormirem ao sol, ao longo do rio, eram um espectáculo. Um deles teve pouca sorte pois a sua pele ainda deu 300 escudos, que foram tranformados em CUCA e NOCAL, para o pessoal doDestacamento. Eu, o do centro da foto, terei sido aquele que mais tempo parmaneceu noDestacamento, (tempos somados, talvez uns 7 meses). Era um local isolado, nem sempre perigoso, mas exigia controlo e atenção e, sobretudo, alguma rigidez de métodos e o não mostrar os dentes aos residentes. Ah, já me esquecia de referir que connosco havia um grupo de milícias, (tropas (?) criadas com nativos para nos ajudarem (?). Eram tão inoperantes, que as balas das armas que possuiam, vim a descobrir, não tinham pólvora !! Utilizavam-na nos canhangulos para caçar! Foi o bom e o bonito. Levaram que contar das mãos deste baixinho, que diziam, quando sabiam que eu voltaria aoDestacamento: "Outra vez o furière Rocha ?? Não pode, ele bate muito".

Voltaremos a estes assuntos noutra altura.Esta descrição já vai longa e pode ser maçadora.Dou a vez a outros.

Um abraço do
Rocha

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Procura madrinha, do Lumege

Através do blog "Família RTP", Fernanda Brásio faz um apelo tentando encontrar a madrinha, que morava no Lumege e se chama Maria de Lurdes Correia. "Já procurei muito, mas sem resultados", diz ela.

Fernanda Brásio é filha de um militar que casou em Angola, de cujo casamento nasceram também as suas irmãs Rosa, Fernanda e Júlia.

Algum de nós se lembra destes nomes? E tem alguma maneira de ajudar Fernanda Brásio a encontrar a madrinha? Se tem, informe-nos disso através de um comentário aqui no blog. Por uma questão de ética, não divulgamos o e-mail de Fernanda Brásio (a não ser que ela nos autorize a isso). Mas far-lhe-emos chegar qualquer pista que porventura obtenhamos.

Z.O.
28 de Dezembro de 2005
Empossados Gabinetes Eleitorais do Léua e Lumege

Os membros dos Gabinetes Eleitorais Municipais do Léua e Lumege-Cameia foram empossados terça-feira, em actos separados, orientados pelo presidente da Comissão Provincial Eleitoral, Francisco Chipendo.
Tomaram posse em cada circunscrição quatro membros do MPLA, dois da UNITA, um do Partido de Renovação Social (PRS), igual número de representantes da Administração local e do Tribunal provincial, respectivamente.
Para os dias 10 e 11 de Janeiro próximo, o calendário reserva o empossamento dos Gabinetes Municipais dos Luchazes, Bundas, Alto-Zambeze, Luau e Luacano.
Até a data, segundo Francisco Chipendo, o processo iniciado à 23 do corrente mês, com a investidura dos órgãos nos municípios do Moxico e Kamanongue, corre sem sobressaltos.


Publicado por Jorge Santos - (Op.Cripto da ZML - Luso, 1971) no seu blog "Leste de Angola" em http://lestedeangola.weblog.com.pt
Olá a todos
Quem somos?

Somos um grupo de antigos militares que há 35 anos foram empurrados pelo sistema para uma das três frentes de combate que Portugal mantinha em África.

Trinta e cinco anos depois, já podemos assumir sem preconceitos que estivemos lá, vestindo a camisola (que por sinal era um camuflado) ao serviço de uma causa obscura. Éramos, afinal, tão colonizados como os povos autóctones; porque nos colonizavam a cabeça.

Apeados do "camacove" numa terra maldita chamada Lumege (maldita, porque íamos substituír uma Companhia que tinha sofrido 11 - onze! - mortos e mais de metade do efectivo sofrera ferimentos), acabaríamos por iniciar aí uma camaradagem que se consolidou e dura até hoje. E... regressámos todos vivos e sãos!!!

É essa camaradagem que vamos aqui celebrar, neste espaço. Para usufruto de nós próprios e de todos aqueles que tenham qualquer tipo de interesse para com a guerra colonial. Muito em especial aqueles a quem interesse o Leste de Angola ou até, ainda mais particularmente, o Lumege (que alguns escrevem Lumeje).

Abraços a todos

Zé Oliveira