terça-feira, março 06, 2007

Lumege-Angola 1969-1971


O INSTINTO

Texto de Fernando Hipólito
Foto e distintivo da colecção de Abílio Henriques

Eu nunca tinha ouvido falar em G.E. (Grupos Especiais, constituídos por nativos recrutados para apoio da tropa portuguesa). Vi-os no Lumege no primeiro dia de chegada, e no segundo dia já tínhamos ordens para fazer segurança a uma picada, por onde passaria uma coluna com militares da nossa CCAÇ, que iria render outra CCAÇ mais antiga.




Os capitães, (nosso e da CCAÇ que estávamos a render) decidiram enviar GEs para uma determinada zona do percurso nessa noite.


Na manhã seguinte, partimos nas viaturas que nos iam deixando no percurso, para fazer a respectiva segurança na ida e regresso. Por coincidência, a minha secção ficou no mesmo local onde tinham sido colocados GEs sem nós sabermos. Eles escondidos, e nós em fila patrulhando a picada. De repente, a 3 metros de mim, um barulho. Viro-me rápidamente. Vejo uma cabeça de africano com um boné de pele e... ainda hoje estou para saber por que não disparei.



Era um dos GEs, que apareceu todo sorridente, como se nada tivesse acontecido.



Este episódio jamais esquecerei. Sensibilidades...


Grupo de combate do alferes Freitas (de bigode) com
aguns GEs incorporados. Na linha da frente, ao centro, o Calixto

Agora, aqui só para nós:
Isto aconteceu após a barracada do Alferes Almeida na nossa primeira saída. Ele recusou-se a sair, e os capitães enviaram os GEs para um sítio chamado "bananeiras", onde aconteceu o que aqui descrevo.

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