quinta-feira, janeiro 11, 2007

Mandem relatos de memórias!
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Não há por aí quem tenha coisas para contar? Afinal, nós fomos uma das poucas Companhias que conseguiram regressar com todos os homens vivos da guerra colonial! Portanto, não somos portadores de traumas que poderiam turvar-nos a vontade de querer contar coisas!
Então, por que não relatamos as nossas memórias desses tempos? Foram dois anos de experiências fortes em outros territórios que não conhecíamos, com outros hábitos e outras culturas, foram peripécias de guerrilha, foram amizades criadas, enfim, muito material que dá muito pano para mangas.

A existência deste blog só faz sentido, se houver mais volume de participação.

Nada receiem aqueles que porventura tenham menos jeito ou aptidão para escrever. Sempre que for necessário, nós colocamos as vírgulas no sítio e retocamos outros pormenores que necessitem disso.

Para contactar o coordenador do blog, basta clicar aqui na linha de baixo, em cima da palavra coment e escrever o que vos apeteça.

Até já.
Título do filme:
Final Feliz
Texto de Abílio Henriques
Foto do album de Fernando Hipólito

Abílio Henriques, autor deste relato, é o do meio (em baixo), ladeado pelo coordenador deste blog (em cabelo) e pelo Santos. Na fila de trás e da esquerda para a direita: João Miranda (o mais alto, de óculos), um furriel cujo nome o coordenador não recorda, Numídio (de óculos), Fernandes, Hipólito (sorrindo), Alho (mão no bolso) e Gonçalves.
Estão aqui quase todos os furrieis da C.Caç 2544, fotografados durante a atracagem que o Vera Cruz fez na ilha da Madeira
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Numa operação que tinha como objectivo a recuperação de armas do movimento nacionalista que operava na zona (recuso-me a chamar-lhes terroristas), cabe-me uma missão na qual levo comigo um nacionalista que iria indicar-me o local onde estariam as armas. Chegados a esse local, é-me comunicado que seria necessário atravessar o rio, para isso seria preciso ir buscar uma canoa que estava dentro de água, etc etc.
Bem, lá aparece a canoa e embarcamos rio abaixo. Só que o nosso amigo (de calções, descalço, tronco nu) debruça-se na borda da frágil embarcação e mergulha no rio dando origem a que eu, todo vestido, carregando o armamento normal para a ocasião, mergulhasse também dentro das águas do rio Lumege num sítio onde por sinal a corrente era forte.

Naquele momento já não queria saber de armas, a minha preocupação era saír dali vivo! A muito custo lá saí do rio, dei uns tiros mais para avisar a malta que estava comigo (um pouco afastada) de que alguma coisa se passava, e depois de mais de meia hora a andar com água até ao pescoço lá consegui chegar ao ponto de partida, sentindo-me naquela altura exultante porque dois seres humanos continuavam vivos: eu e o guia.

Foi uma aventura com final feliz.