sábado, maio 17, 2008

Notas para a história
Mais documentação

Continua a chegar-nos documentação que, uma vez mais, repescamos da zona de comentários para aqui. Pedimos ao responsável pela colocação deste material documental que nos forneça o seu contacto.

Se não erramos na interpretação, o autor dos textos que noa têm estado a chegar começa o texto seguinte aludindo ao facto de, em post anterior, termos chamado a este material "documentação histórica"

UMA CRÍTICA MUITO DURA AOS MÉTODOS DO MPLA

Ao saber da conversa ocorrida em Acra (Ghana), Lúcio Lara reagiu: « Os cubanos falam de mais»
HUGO AZANCOT DE MENEZES

Longe de mim a pretensão de ter feito história ou de escrevê-la.Contudo, vivi factos que envolvem, também , outros protagonistas. Alguns, figuras ilustres. Outros, gente humilde, sem nome e sem história, relacionados, apesar de tudo, com períodos inolvidáveis das nossas vidas. Alguns destes factos , ainda que de fraca relevância, podem ter interesse, como « entrelinhas da História», para ajudar a compreender situações controversas. Conheci Ernesto Che Guevara em Acra , em 1964, e comprometi - me a não publicar alguns temas abordados na entrevista que tive o privilégio de lhe fazer como « repórter» do jornal Faúlha. Já se passaram mais de 30 anos. O contexto actual é outro. Pela primeira vez os revelo, na certeza de que já não é o quebrar de um compromisso, nem a profanação de uma imagem que na entrevista realizou-se na residência do embaixador de Cuba em Acra , Armando Entralgo González, que nos distinguiu com a sua presença. Ali estava Che… A sua tez muito pálida contrastava com o verde - escuro da farda. As botas negras, impecavelmente limpas. Encontrei-o em plena crise de asma, Socorria - se , amiúde, de uma bomba de borracha. Che Guevara, deus dos ateus, dos espoliados e dos explorados do terceiro mundo, deus da guerrilha, tinha na mão uma bomba, não para destruir mas para se tratar… de falta de ar. Aspirava as bombadas, dando sempre mostras de um grande auto -domínio. Fora-me solicitado que submetesse o questionário à sua prévia apreciação - e assim o fiz. Uma das questões dizia respeito à cultura da cana - de - açúcar em Cuba. Como encarava ele a aparente contradição de combater teoricamente a monocultura - apanágio dos sistemas de exploração colonial e tão típica dos sistemas de exploração colonial e tão típica do subdesenvolvimento - ao mesmo tempo que fomentava, ao extremo, a cultura da cana e a produção de açúcar - mono -produto de que Cuba se tornaria, afinal, cada vez mais dependente?Outro tema que nos preocupava, a nós , africanos, era o papel dos cidadãos cubanos de origem africana na revolução cubana e a fraca representação deles nos órgãos de direcção dos país e do partido, os quais tinham proscrito qualquer discriminação racial. Não constituiria o comandante Juan D´Almeida - único afro - cubano na direcção do partido - uma excepção? Entretanto, a crise de asma agudizava-se , o que nem a mim me dava o à - vontade requerido nem, obviamente, ao meu interlocutor a disposição necessária para o diálogo. Insistiu para que eu o iniciasse. Ao responder - lhe que não me sentia á vontade para fazê-lo, em virtude de seu estado, disse - me em tom provocante e com certa ironia :« Vejo que você é um jornalista muito tímido.» No mesmo tom lhe respondi, que não me tinha pronunciado como jornalista, mas como médico . « Comandante, as suas condições não lhe permitem dar qualquer entrevista», disse-lhe eu. Olhando-me , meio surpreso e sempre irónico, replicou: « Companheiro, eu não falo como doente, também falo como médico.Em meu entender, estou em condições de dar a entrevista.» Mas a crise de asma não melhorava, tornando impossível o diálogo. Foi necessário adiá-lo. Reencontrámo-nos dias depois. Estava, então, quase eufórico. Referindo-se á atitude dos cidadãos cubanos de origem africana, à sua fraca participação na revolução, disse não gostar de se referir á origem ou à raça dos homens. Apenas à espécie humana, a cidadãos, a companheiros. Manifestei-lhe a minha total concordância. «A verdade », disse-lhe eu, «é que a revolução cubana tinha suscitado em todos nós , africanos, uma enorme expectativa, muita esperança, pois que, pela primeira vez, assistia-mos a um processo revolucionário de cariz marxista, num país subdesenvolvido e eis - colonial , tendo, lado a lado, cidadãos de origem europeia e africana, e onde a discriminação racial tinha sido, e ainda era, tão notório.» Cuba seria pois, para nós, africanos, um teste. Seguíamos atentamente a sua evolução e queríamos ver como seria resolvido este problema.Muitos, em África, mostravam-se cépticos. Mais do que interesse, da nossa parte existia ansiedade. Segundo Che Guevara , a população de origem africana, a principio, não participava no processo. Via-o com uma certa indiferença, como mais uma luta…«deles». Mas a desconfiança estava a desaparecer, era cada vez maior a adesão, á medida que iam constatando que este processo era totalmente diferente daqueles que o precederam. Que era um processo para todos. Che Guevara acabava de chegar do Congo - Brazzaville. Visitara as bases do MPLA em Cabinda (de facto, na zona fronteiriça Congo/ Brazzaville /Cabinda) . Pedi - lhe que me desse as impressões da sua visita. Che não era um diplomata, mas um guerrilheiro, e foi directamente à questão: « O MPLA tem ao seu dispor condições de luta excepcionais. Quem nos dera a nós que, durante a guerrilha, em Cuba, tivéssemos algo comparável. Mas estas condições não estão a ser devidamente aproveitadas, exploradas … O MPLA não luta, não procura o inimigo , não ataca… O inimigo deve ser procurado, deve ser fustigado, deve ser perseguido, mesmo no banho. Agostinho Neto está a utilizar a luta armada apenas como mero instrumento de pressão política.» Dei parte da conversa a Agostinho Neto. Não reagiu. Tal como a Lúcio Lara, que me respondeu: « Os cubanos falam demais.» Mas Che falava verdade. Durante vários anos, na minha qualidade de responsável dos serviços de assistência médica da 2º região político - militar do MPLA (Cabinda ) , fui disso testemunha a cada passo. Aí e assim , como contestação a esta e outras situações idênticas, surgiria dentro do movimento, antes de Abril de 1974, a Revolta Activa.

Hugo José Azancot de Menezes foi médico. Foi um dos fundadores do MPLA

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Conacry,10 de agosto de 1961 Ref. 383/21/61
Hugo Azancot de Menezes
Recebida aos 24/08/61

Caro HugoEstimamos que tu e a tua família tenham feito uma excelente viagem e que vocês todos gozem de boa saúde.Diz-nos urgentemente de que necessitares aí. Estamos aqui para servir da melhor maneira.
1-Junto te envio copia de uma carta que o director do EXPRESSEN dirigiu ao bureau da CONCP. Pelos vistos já estão a caminho de Léopoldville 3 toneladas de medicamentos, de medicamentos, os quais se destinam a CVAAR.
Achamos que é muito importante reter a seguinte passagem da carta do director do EXPRESSEN: “ Nos remede sont a leur disposition, mais s`ils n`arrivent pas a Léo ces temps -ci les remede seront distribués aux infirmeries au long de la frontiere. Se for possível , é muito conveniente que te apresentes urgentemente ao M. Gosta Streiffert , coordenador em chefe da acção em favor dos refugiados angolanos no congo. Os fins da tua visita ao Streiffert deverão ser os seguintes:

a) Garantir- lhe a próxima chegada ao Congo de mais dois médicos angolanos. ( Com efeito, o ministro da saúde deste país acaba de dizer ao Eduardo que ele pode partir quando ele quiser . Em face disso, é quase certo que o Eduardo e o Boavida partirão no próximo barco, ou mesmo antes, de avião.

b) Avisar ao Streiffer que os três médicos angolanos -- Tu ,Boavida e Santos -,que estarão aí certamente antes da chegada dos medicamentos, estão prontos a entrar imediatamente em actividade com os medicamentos enviados da Suécia pelo EXPRESSEN.

c) Deixar boa impressão ao Streiffer . Para isso, recomendaremos -te um trato o mais diplomático possível e a maior circunspecção possível . É fundamental que, depois do teu encontro com o Streiffer , este não fique com a impressão de que a vossa actividade vai constituir uma espécie de concorrência as funções dele e a actividade da liga das sociedades da cruz vermelha para o Congo.Pelo contrario.

d) Sondar , habitualmente , a opinião íntima do Streiffer sobre a vossa futura presença junto dos refugiados . Tentar saber se há influências, opostas a actividade da CVAAR , na pessoa do Streiffer e dos seus colegas.

e) Deixar em toda gente a convicção firme de que a actividade da CVAAR será humanitária e apolítica . Quero, no entanto, lembrar-te quee a melhor maneira de impor a ideia de que a CVAAR é apolítica não consiste em declarares que ela “ é apolítica”, mas sim em mostrares um interesse humano, médico, por todas as vítimas da guerra. Quero dizer: o apoliticismo da CVAAR será inculcado no espírito dessa gente de maneira indirecta: através das tuas atitudes e do teu interesse humano e de técnico pelos doentes vítimas dos acontecimentos de Angola.Fala pouco e ouve muito. É pela bouca que morre o peixe.

f) É fundamental que, depois do Streiffer te conhecer , deixes neste indivíduo uma espécie de compromisso de consciência que o impeça de dar os medicamentos um outro destino diferente ,sem primeiramente te consultar.

2- O Aquino Bragança vai enviar-te de Rabat o original da carta do director do EXPRESSEN . Em caso de necessidade , essa carta poderá servir de tira-teimas sobre o destinatário dos medicamentos. Tudo faremos para que dentro de dias o Eduardo e o Américo estejam aí.

3)- Diz-nos urgentemente se a War ON Wait já transferiu o dinheiro para aí. Tenho insistido com o CABRAL para que isso se realize o mais depressa possível . Mas achamos estranho que o CABRAL não tenha, até hoje, acusado a recepção da vossa carta para a WAR ON WAIT. Achamos conveniente que, logo que chegues ao Congo , escrevas ao CABRAL informando-o de que já estas aí e que outros médicos chegarão dentro de dias . Saúde para a tua família e para ti. Coragem , bom trabalho e prudência!

P.S.- O original desta carta ,enviámo-la , nesta mesma data , à nossa caixa postal de Brazzaville.

VIRIATO DA CRUZ

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Conacry,10 de agosto de 1961
Ref. 383/21/61
Hugo Azancot de Menezes
Recebida aos 24/08/61

Caro Hugo

Estimamos que tu e a tua família tenham feito uma excelente viagem e que vocês todos gozem de boa saúde. Diz-nos urgentemente de que necessitares aí. Estamos aqui para servir da melhor maneira.

1-Junto te envio copia de uma carta que o director do EXPRESSEN dirigiu ao bureau da CONCP.Pelos vistos já estão a caminho de Léopoldville 3 toneladas de medicamentos, de medicamentos , os quais se destinam a CVAAR. Achamos que é muito importante reter a seguinte passagem da carta do director do EXPRESSEN: “ Nos remede sont a leur disposition, mais s`ils n`arrivent pas a Léo ces temps -ci les remede seront distribués aux infirmeries au long de la frontiere. Se for possível ,é muito conveniente que te apresentes urgentemente ao M. Gosta Streiffert , coordenador em chefe da acção em favor dos refugiados angolanos no congo.Os fins da tua visita ao Streiffert deverão ser os seguintes:

a) Garantir- lhe a próxima chegada ao Congo de mais dois médicos angolanos. ( Com efeito, o ministro da saúde deste país acaba de dizer ao Eduardo que ele pode partir quando ele quiser . Em face disso, é quase certo que o Eduardo e o Boavida partirão no próximo barco, ou mesmo antes, de avião.

b) Avisar ao Streiffer que os três médicos angolanos -- Tu ,Boavida e Santos -, que estarão aí certamente antes da chegada dos medicamentos, estão prontos a entrar imediatamente em actividade com os medicamentos enviados da Suécia pelo EXPRESSEN.

c) Deixar boa impressão ao Streiffer . Para isso, recomendaremos -te um trato o mais diplomático possível e a maior circunspecção possível . É fundamental que, depois do teu encontro com o Streiffer , este não fique com a impressão de que a vossa actividade vai constituir uma espécie de concorrência as funções dele e a actividade da liga das sociedades da cruz vermelha para o Congo.Pelo contrario.

d) Sondar , habitualmente , a opinião íntima do Streiffer sobre a vossa futura presença junto dos refugiados . Tentar saber se há influências, opostas a actividade da CVAAR , na pessoa do Streiffer e dos seus colegas.

e) Deixar em toda gente a convicção firme de que a actividade da CVAAR será humanitária e apolítica . Quero, no entanto, lembrar-te quee a melhor maneira de impor a ideia de que a CVAAR é apolítica não consiste em declarares que ela “ é apolítica”, mas sim em mostrares um interesse humano, médico, por todas as vítimas da guerra. Quero dizer: o apoliticismo da CVAAR será inculcado no espírito dessa gente de maneira indirecta: através das tuas atitudes e do teu interesse humano e de técnico pelos doentes vítimas dos acontecimentos de Angola.Fala pouco e ouve muito. É pela bouca que morre o peixe.

f) É fundamental que, depois do Streiffer te conhecer , deixes neste indivíduo uma espécie de compromisso de consciência que o impeça de dar os medicamentos um outro destino diferente ,sem primeiramente te consultar.

2- O Aquino Bragança vai enviar-te de Rabat o original da carta do director do EXPRESSEN . Em caso de necessidade , essa carta poderá servir de tira-teimas sobre o destinatário dos medicamentos. Tudo faremos para que dentro de dias o Eduardo e o Américo estejam aí.

3)- Diz-nos urgentemente se a War ON Wait já transferiu o dinheiro para aí. Tenho insistido com o CABRAL para que isso se realize o mais depressa possível . Mas achamos estranho que o CABRAL não tenha, até hoje, acusado a recepção da vossa carta para a WAR ON WAIT.Achamos conveniente que, logo que chegues ao Congo , escrevas ao CABRAL informando-o de que já estas aí e que outros médicos chegarão dentro de dias .

Saúde para a tua família e para ti.Coragem , bom trabalho e prudência!

P.S.- O original desta carta ,enviámo-la , nesta mesma data , à nossa caixa postal de Brazzaville.

VIRIATO DA CRUZ


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Your Ref: GMH/ CrOur Ref: MWKC/ JP/ N/7a

Mr. G . M. HOUSER,
AMERICAN COMMITTEE ON AFRICA,
4 WEST 40TH STREET,
NEW YORK 18, N.Y.,U.S.A.

Dear Mr. Houser,

Thank you very much for your letter of the 17th june, 1959. Our Angola friend about Whom Mr. Mboya talked with you When you met in America, is Dr HUGO MENEZES who Comes from portugese Angola, and we have been trying to one of the independent African countries so that he can be free to express himself.´His present adress is as above, and weShall be grateful if you can give him all the assistance possible. We are particularly glad to note that you are trying very hard to bring the portugese question before the United Nations. Dr Hugo will be very useful in thisrespect and i hope you will not hesitate to write to him.Looking forward to hearing from you in the near future.

With best wishes,

Yours sincerely,
M. W. KANYAMA
CHIUMEPUBLICITY SECRETARYNYASALAND AFRICAN CONGRESS


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DOLISIE, 3 DE MAIO DE 1971

PREZADO CAMARADA MONSTRO,

Apenas algumas linhas para vos enviar as nossas melhores e fraternais saudações. Muito grato ficamos pela sua carta - e não são estas curtas linhas que traço agora que vão constituir uma resposta à mesma. Oportunamente , escrever -lhe-ei uma carta maior. Creia que é meu desejo sincero que nos correspondamos. O filme feito aqui , quando da sua passagem por Dolisie , ainda não chegou. Estou muito admirado com este tempo de demora, pois que de costume recebemos os filmes depois de 2 a 3 semanas depois de tirados.A camarada Salete envia - vos miutos cumprimentos; espero que a receita saia boa.Por hoje é tudo. Aceite, prezado camarada,as minhas melhores saudações.

Cumprimentos à camarada Luiza.

Hugo(Hugo José Azancot de Menezes)


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GHANA BROADCASTING CORPORATION Broadcasting house,
P.O. ´BOX 1633 Accra,
Ghana 19th November, 1962
MY Ref . Nº DOB.295/120

Sir,

I have the honour to offer you new terms of engagement on Programme Contract in the Portuguese section of RADIO GHANA with effect from today. Duration of Engagement: - The engagement will be for a period of two years in the first instance but will be subject to renewal at the end of that time if you wish it and , if your work has been satisfactory.The engagement can be terminated by two months notice being given by either side or alternatively - on Radio Ghana´S side - by the payment of two months salary in lieu of notice. Salary: - Your salary will be £100 a month and will be subject to Ghanaian Income Tax and Compulsory Savings both of which will be deducted at source. The compulsory Savings is returnable.Accommodation: - Hard furnished accommodation - bungalow or self - contained flat will be available at Accra. The rent will be £90 per year. Leave : On completion of year` service you will be eligible for 36 days paid leave.Free Medical Attention : While on this engagement in Ghana you will be eligible to receive free medical and dental treatment.Duties : - Your duties will be to work as a producer and Announcer / Translator in the Portuguese Section of Radio Ghana assisting in edit: translating and announcing news bulletins, commentaries and programmes in Portuguese, in writing, preparing and producing material suitable for inclusion in these programmes; and for any assistance that may be requied of you for the general programme output in Portuguese or in English.You will be expected to work full time for Radio Ghana during outside activities such as commercial work or writing for the Press can be undertaken only with the permission of the Director. I have the honour to be, Sir, Your obedient Servant,

(W.F. Coleman) Director of Broadcasting
Dr. Hugo de Menezes,
Portuguese Section,
Broadcasting House,
Accra.



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MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO BRAZZAVILLE,
23 DE DEZEMBRO DE1965
DE ANGOLAM.P.L.A.TÉL. 49-15B.P. 2353

HUGO DE MENEZESP.O.BOX1633

BRAZZAVILLE ACCRA-GHANARÉPUBLIQUE DU CONGO
DEPARTAMENTO DE : PRESIDÊNCIA

Caro camarada ,

Informamos que é necessário enviar novamente fotografias e todos os elementos de identificação para o título de viagem. Aproveitamos a oportunidade para Desejar bom Ano Novo. Saudações revolucionárias. Vitoria ou mortePelo Comité Director Agostinho Neto- Presidente -A Força Do M.P.L.A. , RESIDE NO APOIO QUE LHE CONCEDEM AS CAMADAS POPULARES NO INTERIOR DO PAIS ( Conferência de quadros do M.P.L.A..- 3 a 10 de janeiro de 1964) LA FORCE DU M.P.L.A. RESIDE DANS LE SOUTIENS QUE LUI ACCORDENT LES MASSES POPULAIRES DANS L`INTERIEUR DU PAYS (conférence des cadres du M.P.L.A.- 3 au 10 janvier 1964)



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Mário de Andrade
14 Rue de Monastir Rabat, le 2 janvier 65
Rabat

Meu caro Hugo,

Embora tardiamente , Sarah e eu próprio formulamos os melhores votos para 1965, à família Menezes … “ sita em Accra”. Enviamos um telegrama (assinado pelo secretariado da CONCP) a saber exactamente quando pensavas fazer sair o primeiro número do jornal. Evidentemente, preparei algumas notas sobre a nova literatura e a revolução nas colónias portuguesas. Alem disso, penso que seria extremamente importante que o jornal fizesse eco regular das publicações da CONCP. Informo - te, a este respeito, que , em principio, terá lugar (passe o galicismo em Rabat, no fim desta semana a primeira reunião do comité preparatório da 2ª conferência das organizações - membros. Claro que mandarei o comunicado final.Como vão as démarches para o lançamento do jornal Faulha? Queres informar o DAMZ que “ Etincelle” chega-nos aqui via… marítima?Gostaria de obter a referência do livro sobre as relações económicas com Portugal, de que me falaste. Poderei continuar a expedir outros livros de que necessites para os teus estudos.Diz algo, brevemente.

Abraços doMário (Mario Pinto de Andrade)



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Your Ref: GMH/ Cr
Our Ref: MWKC/ JP/ N/7a

Mr. G . M. HOUSER,AMERICAN COMMITTEE ON AFRICA,
4 WEST 40TH STREET,
NEW YORK 18,
N.Y.,U.S.A.

Dear Mr. Houser,

Thank you very much for your letter of the 17th june, 1959. Our Angola friend about Whom Mr. Mboya talked with you When you met in America, is Dr HUGO MENEZES who Comes from portugese Angola, and we have been trying to one of the independent African countries so that he can be free to express himself.´His present adress is as above, and weShall be grateful if you can give him all the assistance possible.We are particularly glad to note that you are trying very hard to bring the portugese question before the United Nations. Dr Hugo will be very useful in thisrespect and i hope you will not hesitate to write to him.Looking forward to hearing from you in the near future.

With best wishes,

Yours sincerely,
M. W. KANYAMA CHIUMEPUBLICITY SECRETARYNYASALAND AFRICAN CONGRESS



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CORPO VOLUNTÁRIO ANGOLANO DE ASSISTÊNCIA AOS REFUGIADOS( C.V.A.A.R.)B.P.856, LÉOPOLDVILLE5 de Outubro de 1962

DR. HUGO DE MENEZESBUREAU OF AFRICAN AFFAIRSP. O. BOX M24
ACCRAGHANA

Caro compatriota,

Estamos a enviar-lhe cópia da resposta à carta em que nos pediam um endereço em Ghana para onde mandar medicamentos para os refugiados angolanos. Esperamos que não seja muito difícil remeter depois o estoque para LÉO.Pelo despacho nº 5781 de 2 de Outubro do primeiro Burgomestre de Lèopoldville, o C.V.A.A.R. tem já autorização oficial a partir de 10 de Setembro de 1962. Junto enviamos-lhe a credencial para actuar aí na medida do possível.Continua a aumentar o número de refugiados e há uma falta enorme de medicamentos tanto nos dez postos actuais ( Luali, Moanda- Banana , Boma, Matadi, Songololo, Moerbeke, Lukala, Kindopolo, Kimpangu e Malele) como no dispensário central. A segunda turma do curso de enfermagem começa no dia 8 deste com 42 alunos inscritos. Há quase mil crianças e adultos a frequentar já e inscritos nas campanhas de escolarização e alfabetização lançadas pelo C.V.A.A.R. Precisamos de dinheiro para transportar os medicamentos , etc.,à fronteira, manter os enfermeiros e alunos , livros ,etc.Para qualquer coisa que precisar daqui,
eis -nos ao seu dispor .

Cordialmente,
Deolinda Almeida


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Ref.69/B/62 Léopoldville,21 de 1962

Caro Hugo

Saúde Para que possas continuar a acompanhar os assuntos da nossa luta em especial ao desejado Front junto envio pelo Kassinda um dossier de todas as demarches efectuadas para prosseguimento do do acordo de principio aasinado entre Accra p elos três partidos que bem conheces. O dossier se destina ao presidente Krumah e por isso peço - te de o fazeres chegar ao destinatário . É nosso empenho para que essa entidade seja o juiz do processo e por essa razão pretendemos pôr -lhe ao corrente de todas as demarches efectuadas nesse sentido . Quanto ao governo do Congo tomamos agora uma posição séria. Apresentamos ontem um protesto ao Ministro de informação pelas noticias tendenciosas na Radio- difusão do chamado “Governo da República de Angola no Exílio” e seus “ministros “. Igualmente enviamos cópias do protesto ao Presidente da república, Primeiro Ministro do interior. Ultimamente a situação do refugiado em Léopoldville agrava-se pois que cobram actualmente para o “sejour “ 50 frs mensais. Já apresentamos também uma reclamação por tal facto porque achamos impróprio para com os refugiados que nada possuem. A situação no interior continua a mesma . Os nossos adversários continuam com as duas mentiras, simplesmente os 22 militares preparados não querem entrar no interior de Angola sem formação do verdadeiro Front . O soba da Sanzala muitas manobras utiliza para mante-los dentro mas parece nada resultar. Temos recebido muitas noticias do interior. O povo está exausto e impaciente com a desunião constante dos partidos. Esperamos que procures usar da tua influência junto do soba de lá para que a decisão penda para nós mesmo sem o Front. Esperamos que nos informes se há possibilidades de podermos mandar publicar ai o relatório do Padua . Agradecemos a informação ainda na volta do correio visto tratar-se de um assunto de importância e muito urgente. Eu não sei o se o Mário te falou desse assunto, mas posso assegurar-te que foi aprovado numa reunião do C.D ( comité director) a publicação do relatório. APublicação pretende-se que seja em brochura, se demora para não perder a actualidade , visto os relatos apanhados no depoimento da Onu terem sido já publicados por 250 jornais conforme noticia em nosso poder. Temos de andar meu caro. Desejo-te bom trabalho e muito êxito.

Aceite cumprimentos de todos.

Do amigo e compatriota
Graça


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GHANA BROADCASTING CORPORATIONBroadcasting house,
P.O. ´BOX 1633
Accra, Ghana 19th November ,1962
MY Ref . Nº DOB.295/120

Sir,

I have the honour to offer you new terms of engagement on Programme Contract in the Portuguese section of RADIO GHANA with effect from today.Duration of Engagement: - The engagement will be for a period of two years in the first instance but will be subject to renewal at the end of that time if you wish it and , if your work has been satisfactory.The engagement can be terminated by two months notice being given by either side or alternatively - on Radio Ghana´S side - by the payment of two months salary in lieu of notice.Salary: - Your salary will be £100 a month and will be subject to Ghanaian Income Tax and Compulsory Savings both of which will be deducted at source. The compulsory Savings is returnable.Accommodation: - Hard furnished accommodation - bungalow or self - contained flat will be available at Accra. The rent will be £90 per year.Leave : On completion of year` service you will be eligible for 36 days paid leave. Free Medical Attention : While on this engagement in Ghana you will be eligible to receive free medical and dental treatment. Duties : - Your duties will be to work as a producer and Announcer / Translator in the Portuguese Section of Radio Ghana assisting in edit: translating and announcing news bulletins, commentaries and programmes in Portuguese, in writing, preparing and producing material suitable for inclusion in these programmes; and for any assistance that may be requied of you for the general programme output in Portuguese or in English.You will be expected to work full time for Radio Ghana during outside activities such as commercial work or writing for the Press can be undertaken only with the permission of the Director. I have the honour to be,Sir,Your obedient Servant,(W.F. Coleman)Director of Broadcasting

Dr. Hugo de Menezes,

Portuguese Section, Broadcasting House, Accra.


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CORPO VOLUNTÁRIO ANGOLANO DE ASSISTÊNCIA AOS REFUGIADOS( C.V.A.A.R.)B.P.856,
LÉOPOLDVILLE5 de Outubro de 1962

DR. HUGO DE MENEZESBUREAU OF AFRICAN AFFAIRS

P. O. BOX M24
ACCRAGHANA

Caro compatriota,

Estamos a enviar-lhe cópia da resposta à carta em que nos pediam um endereço em Ghana para onde mandar medicamentos para os refugiados angolanos. Esperamos que não seja muito difícil remeter depois o estoque para LÉO.Pelo despacho nº 5781 de 2 de Outubro do primeiro Burgomestre de Lèopoldville, o C.V.A.A.R. tem já autorização oficial a partir de 10 de Setembro de 1962. Junto enviamos-lhe a credencial para actuar aí na medida do possível.Continua a aumentar o número de refugiados e há uma falta enorme de medicamentos tanto nos dez postos actuais ( Luali, Moanda- Banana , Boma, Matadi, Songololo, Moerbeke, Lukala, Kindopolo, Kimpangu e Malele) como no dispensário central. A segunda turma do curso de enfermagem começa no dia 8 deste com 42 alunos inscritos. Há quase mil crianças e adultos a frequentar já e inscritos nas campanhas de escolarização e alfabetização lançadas pelo C.V.A.A.R. Precisamos de dinheiro para transportar os medicamentos , etc.,à fronteira, manter os enfermeiros e alunos , livros ,etc.Para qualquer coisa que precisar daqui,
eis -nos ao seu dispor .

Cordialmente,
Deolinda Almeida

1 comentário:

Anónimo disse...

RELEMBRAR O NACIONALISTA, AFRICANO, UNIVERSALISTA E UM DOS FUNDADORES DO MPLA, Dr. HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES.
Aos 11de Maio de 2000 faleceu o Dr. Hugo José Azancot de Menezes com 71 anos e faria 83 aos 02-02.2012.
Foi um benfeitor da humanidade, progressista e justiceiro em todo o seu percurso e nunca optava pelas situações radicais e pugnava pela reposição de valores, igualdade e sempre em prol dos desfavorecidos.
Era efervescente para ideais progressistas para a qual sempre norteou o seu percurso de vida fundamentalmente política nacionalista Africana e universalista.
O seu sonho foi sempre a emancipação de África por valores de consenso nacional e progresso social que herdou e desenvolveu ao longo de décadas.
Envolveu -se sempre desde os primórdios do nacionalismo ao qual participou na criação e fundação de associações políticas e posteriormente na fundação de partidos como MPLA, CLSTP, PDG NAS FASES embrionárias das suas existências.
Nos países Africanos onde praticou as actividades políticas e exerceu medicina conseguiu galvanizar muito apoio dos respectivos nacionais e governantes desses países Africanos que se tornariam independentes não só pelo seu desempenho e criatividade relativamente ao MPLA mais por iniciativas locais.
Esta data nunca passara despercebida para os seus familiares e amigos e camaradas de lutas em todas latitudes tanto em África como Europa onde ele trilhou o caminho da libertação e dignidade do homem Africano apesar dos novos valores e preocupação dos tempos modernos.
E que a África não te esquecera.

ESCRITO AOS 02-02-2012 POR:
Ayres Guerra Azancot de Menezes